Fogo na Amazônia se consolida como maior e pior marca do Brasil no ano
A notícia de que o Brasil bateu o recorde do desmatamento na Amazônia em uma década consolida no exterior a destruição da floresta como a maior e pior marca da reputação internacional do Brasil neste ano –e reforça uma percepção negativa no resto do mundo sobre o governo de Jair Bolsonaro.
A divulgação dos dados oficiais nesta semana repercutiu rapidamente em veículos da imprensa estrangeira, ampliando uma percepção global de que o Brasil não está dando a devida atenção à proteção ambiental.
"O desmatamento da Amazônia brasileira atingiu seu maior nível anual em uma década, segundo um novo dado do governo que destaca o impacto do presidente Jair Bolsonaro na maior floresta do mundo", diz uma reportagem publicada pelo jornal britânico The Guardian –um dos veículos mais atentos à questão ambiental do Brasil.
A rede BBC usa um tom parecido e também associa o desmatamento a questões políticas: "Cientistas dizem que a Amazônia sofreu perdas em um ritmo acelerado desde que Bolsonaro assumiu o poder", diz.
Segundo a agência de notícias Reuters, "ambientalistas e organizações não-governamentais colocam a culpa diretamente no governo, dizendo que a retórica e as políticas de Bolsonaro fortemente favoráveis ao desenvolvimento enfraqueceram a proteção ambiental e estão por trás do aumento na atividade ilegal", avalia.
A revista americana Newsweek destacou a questão política relacionada aos incêndios logo no título de uma reportagem publicada nesta segunda: "Alegação do governo brasileiro de que os incêndios na Amazônia neste ano eram 'normais' é provada errada por cientistas", diz.
Um levantamento simples na página de tendências do Google permite ver que o interesse global sobre a destruição da Amazônia também é recorde. Desde que o índice passou a ser registrado, em 2004, nunca houve em todo o mundo tantas buscas por notícias sobre incêndios na Amazônia.
A preocupação com uma possível guinada ambiental do Brasil já aparecia nas páginas da imprensa internacional desde a eleição de Bolsonaro, em 2018. Analistas estrangeiros avaliavam declarações polêmicas de Bolsonaro e reagiam com aflição em relação a questões ligadas à democracia e direitos humanos, mas muito também desde então sobre a Amazônia.
Com o início da onda de queimadas registradas especialmente em agosto, a imagem das chamas na florestas ficaram mais fortemente associadas ao Brasil e à situação política do país, criando um claro problema na imagem do país.
Desde o início das queimadas, a imprensa internacional e analistas responsabilizavam o presidente por reduzir a proteção da floresta e até mesmo incentivar sua destruição.
O desmatamento acelerado da Amazônia tem impactos diretos na imagem internacional do Brasil. Segundo um especialista em reputações de países, a destruição da floresta é a forma mais rápida e eficiente pela qual o Brasil pode se tornar um país desprezado internacionalmente.
Por outro lado, há impactos geopolíticos claramente associados à floresta. A proliferação de notícias negativas no resto do mundo gerou uma onda crescente de manifestações que chegavam mesmo a questionar a soberania do Brasil sobre a floresta, e discutir ações para pressionar o o governo a agir para proteger a floresta.
Na mídia dos Estados Unidos, foi possível perceber um aumento de vozes tratando o Brasil como uma ameaça em potencial à segurança do país e do planeta.
Durante uma visita a Londres em outubro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, alertou ainda para os problemas econômicos gerados pelas queimadas. Segundo ele, a destruição da floresta prejudicou a reputação do Brasil e criou o potencial de criar problemas até mesmo para a economia.
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