Violência política para de chocar e parece ter virado algo normal no Brasil
A poucos meses de uma eleição presidencial que deve decidir o futuro do Brasil, o país parece ter afundado em uma nova realidade na qual a violência política virou algo normal. A repetição de casos absurdos de ataques motivados pela polarização política parece já ter criado uma aceitação de que o país agora é assim –e o noticiário internacional reflete isso com cada vez menos surpresa.
Tudo parece ter mudado muito rapidamente.
O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, em março, chocou o resto do mundo. O caso oficializou a percepção da falência de segurança no Brasil e Marielle se tornou um símbolo global de luta contra a opressão.
Menos de duas semanas depois, a caravana que levava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvejada por tiros no Paraná. O caso impressionou quem analisa a situação política do Brasil a partir de uma perspectiva externa. Uma análise publicada pelo jornal francês "Le Monde" na época explicava que o Brasil havia se tornado um país "despedaçado" incapaz do diálogo político.
A cobertura internacional do caso mais recente, o ataque contra um acampamento de apoiadores de Lula em Curitiba no fim de semana, entretanto, parece menos surpresa. A violência política no Brasil parece não chocar mais.
O ataque foi noticiado nos principais jornais internacionais, mas o tom geral parece ser o de uma notícia "normal", um caso que não surpreende, que acaba não sendo analisado mais profundamente.
A maior parte dos veículos internacionais cita informações obtidas por agências de notícias, e pouca análise reflete esta escalada absurda de violência política no país.
No mesmo "Le Monde" que falava de um país "despedaçado" um mês antes, a notícia se tornou um relato de um caso que parece "normal". No britânico "The Guardian", a reportagem lembra que o Brasil é "um dos países mais violentos do mundo, com cerca de 60 mil homicídios por ano", e menciona o aumento dos assassinatos políticos no país.
Essa ausência de choque com notícias tão absurdas diz muito sobre o que acontece no país atualmente e sobre como isso é percebido de fora. O absurdo, a violência política, tem virado tão frequente que parece estar se tornando algo normal, comum, parte da realidade brasileira e da imagem do país no resto do mundo.
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