Após apoiar Bolsonaro, WSJ diz que pobres sofrem com guerra ao crime no Rio
Único dos grandes veículos da imprensa internacional a defender abertamente o presidente Jair Bolsonaro em apoio a sua agenda econômica, o jornal americano The Wall Street Journal publicou nesta semana uma reportagem crítica às políticas de segurança do Brasil e do Rio de Janeiro. Segundo a publicação, a guerra ao crime defendida pelo presidente e pelo governador Wilson Witzel afeta especialmente a população pobre do Rio.
O jornal de economia destaca especialmente que recentes mortes de crianças levaram moradores de favelas a contestar afirmações da polícia e dos políticos sobre o combate ao crime. "Ao longo de nove meses no novo governo, operações policiais violentas aprofundaram um sentimento de abandono e desconfiança nas comunidades pobres", diz o WSJ.
Segundo a reportagem, "desde que assumiram os cargos em 1º de janeiro, Bolsonaro, que era capitão do exército, e Witzel, ex-fuzileiro naval, incentivaram a polícia a matar criminosos armados". Entretanto, explica o jornal, moradores de favela "dizem que as declarações de Witzel deram à polícia mais confiança para atirar em suspeitos sem medo de represálias disciplinares".
"A polícia do estado do Rio matou 1.249 pessoas de janeiro a agosto –quase um terço de todos os assassinatos. Os homicídios caíram 21,5% até agosto, enquanto as mortes causadas pela polícia aumentaram 16%".
O tom crítico da reportagem é especialmente surpreendente porque o Wall Street Journal se consolidou desde antes das eleições como uma publicação mais favorável a Bolsonaro. O jornal chegou a apontar o presidente brasileiro como o "maior vencedor" do mundo em 2018.
Em reportagens, editoriais e artigos, o jornal questionou críticas internacionais, defendeu o que chamou de "revolução do mercado" em medidas econômicas e apoiou argumentos do governo até mesmo durante o pior momento da crise de imagem do Brasil por conta dos incêndios na Amazônia.
Ao falar de segurança pública, entretanto, a reportagem mostra uma visão diferente do que está acontecendo no Brasil. Segundo o jornal, por mais que o governo e seus apoiadores argumentem que a redução dos homicídios é resultado dessa ação da polícia, pesquisas negam essa associação.
"Um estudo dos promotores públicos do Rio mostrou não haver correlação entre um número crescente de mortes causadas por policiais e a redução de homicídios. Alguns pesquisadores do crime atribuíram a queda a uma trégua nas guerras entre gangues e ao investimento no trabalho de inteligência policial."
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