Reportagem da 'Economist' elogia mudanças na política econômica do Brasil
Apesar de apontar as dificuldades políticas, com as críticas a um ministério formado só por homens brancos e os escândalos que derrubaram dois ministros, a edição mais recente da revista de "The Economist" elogia as mudanças na política econômica do Brasil. O texto diz que o começo de governo interino de Michel Temer abre espaço para que o país corrija seus erros e acerte o caminho para recurar a economia brasileira.
"O programa econômico de Temer está indo melhor. Seu time de pesos-pesados, liderado por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, propõe a mais ambiciosa revisão da política econômica do Brasil em décadas", diz, apresentando o plano de controle de gastos anunciado pelo governo interino.
"A ideia é curar o governo de um de seus principais vícios. Os gastos públicos cresceram em média 6% ao ano nos últimos 20 anos, muito mais rapidamente de que o PIB", diz.
A proposta tem potencial, continua, otimista, e pode ajudar o país rapidamente. "Isso porque a confiança de que o Brasil vai reduzir sua dívida pode diminuir as taxas de juros". "Essa perspectiva já está gerando esperança em empreendedores e investidores", diz.
O texto é um dos mais fortes elogios ao governo interino já publicados nos grandes veículos de comunicação internacional. Enquanto a maior parte da imprensa estrangeira ainda foca no caos político e na continuação de escândalos que atingem o novo governo, a "Economist" aposta no time montado por Temer como o caminho certo para a recuperação do Brasil e a saída para a "depressão econômica".
A "Economist" já vem acompanhando de perto o noticiário político do Brasil há meses, e sempre foi muito crítica ao governo de Dilma Rousseff. A revista rejeita a tese de que o impeachment equivale a um golpe de Estado e, em editorial, chegou a defender a renúncia da presidente afastada. Ainda assim, a publicação também tem sido muito crítica ao sistema político do país, e chegou a comparar o impeachment com um "jeitinho" para burlar Constituição.
A abordagem elogiosa se encaixa no perfil histórico da cobertura que a revista faz do que acontece no Brasil. Ao longo das décadas, a "Economist" tem a tendência de alternar momentos de expectativa com críticas sempre que o modelo da política econômica do governo brasileiro se aproxima ou se afasta dos ideais "pró-mercado", segundo a pesquisa de doutorado da socióloga Camila Maria Risso Sales. Nesse sentido, a "revisão" que Temer faz da política econômica do país faz com que o modelo brasileiro volte a se encaixar no defendido pela revista.
O ponto estranho da reportagem recente é que ela peca ao exagerar na forma como o governo interino está sendo tratado no Brasil. "Nem o Congresso nem os eleitores estão pedindo a derrubada do governo Temer", diz, ignorando protestos realizados pelo país ao longo das últimas semanas. "Brasileiros não esperam pureza moral do governo interino de Temer", complementa.
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