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Visto de fora, Brasil precisa de moderação política após 'eleição da raiva'

Daniel Buarque

08/10/2018 05h03

Raiva e ressentimento foram duas das palavras mais usadas por analistas estrangeiros na mídia internacional para explicar o sentimento dos brasileiros nas eleições de domingo. O sentimento antipolítica deu o tom do primeiro turno, vencido pelo candidato que conseguiu simbolizar este movimento.

Para o segundo turno, entretanto, por mais que a perspectiva seja de que o país volte a se dividir e ficar polarizado, o debate deve se voltar também ao centro, discutindo o papel da democracia ao definir quem vai ser o próximo presidente, com a necessidade de um pouco mais de moderação.

Como relatado pelo UOL, imprensa estrangeira viu a "extrema-direita" alcançar votação "estrondosa" no domingo. Jornais de todo o mundo acompanharam a movimentação eleitoral ao longo do dia e a apuração dos votos à noite. O principal destaque logo após a eleição foi o resultado com a ampla vantagem conquistada por Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT), que quase garantiu ao deputado federal a vitória já no primeiro turno.

A cobertura internacional, de forma ampla e generalizada, tem sido extremamente crítica à candidatura de Bolsonaro, classificando-o como um candidato de declarações controversas e violentas, e uma ameaça à democracia, um possível desastre na Presidência do país.

Um dos veículos mais críticos a Bolsonaro é o jornal britânico "The Guardian", que chamou o candidato de "pior do que Trump". Segundo uma análise publicada após o resultado do primeiro turno, Haddad precisará formar "a maior das coalizões", se quiser derrotar o candidato da extrema-direita.

O candidato do PT "precisa se posicionar como um campeão da democracia que pode prevenir o Brasil de voltar ao tipo de governo autoritário e assassino que Bolsonaro sempre diz admirar", diz o "Guardian", que publicou editorial dizendo ver em Bolsonaro uma ameaça ao estado democrático.

Segundo a rede BBC, Haddad deverá apostar na moderação no segundo turno.

Segundo o "New York Times", o próprio Bolsonaro também deve adaptar seu discurso para o segundo turno, e já falou em "unir a nação".

Depois do voto da raiva e contra a política, o mundo vai acompanhar enquanto Brasil terá três semanas para decidir sobre o futuro da sua democracia.

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Sobre o Autor

Daniel Buarque vive em Londres, onde faz doutorado em relações internacionais pelo King's College London (em parceria com a USP). Jornalista e escritor, fez mestrado sobre a imagem internacional do país pelo Brazil Institute da mesma universidade inglesa. É autor do livro “Brazil, um país do presente - A imagem internacional do ‘país do futuro’” (Alameda Editorial) e do livreto “Brazil Now” da consultoria internacional Hall and Partners, além de outros quatro livros. Escreve regularmente para o UOL e para a Folha de S.Paulo, e trabalhou repórter do G1, do "Valor Econômico" e da própria Folha, além de ter sido editor-executivo do portal Terra e chefe de reportagem da rádio CBN em São Paulo.

Sobre o Blog

O Brasil é citado mais de 200 vezes por dia na mídia internacional. Essas reportagens e análises estrangeiras ajudam a formar o pensamento do resto do mundo a respeito do país, que tem se tornado mais conhecido e se consolidado como um ator global importante. Este blog busca compreender a imagem internacional do Brasil e a importância da reputação global do país a partir o monitoramento de tudo o que se fala sobre ele no resto do mundo, seja na mídia, na academia ou mesmo e conversas na rua. Notícias, comentários, análises, entrevistas e reportagens sobre o Brasil visto de fora.

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