Morte de indígenas projeta imagem de tensão em desenvolvimento na Amazônia
Após meses de uma cobertura internacional crítica em relação ao aumento do desmatamento da Amazônia, as tensões ligadas à floresta ganharam mais atenção estrangeira e ampliaram uma imagem negativa do país no mundo. Mesmo quem defendia o governo em meio ao aumento do desmatamento passou a apontar problemas na forma como a violência está crescendo na região.
O assassinato de dois indígenas da etnia guajajara em um ataque em de Jenipapo dos Vieiras (Maranhão) ganhou ampla repercussão internacional e tornou ainda mais evidentes as preocupações ligadas ao que está acontecendo na região da floresta.
Até mesmo o Wall Street Journal, publicação estrangeira que vem oferecendo uma cobertura mais positiva sobre o Brasil desde a posse de Jair Bolsonaro, abordou o caso com olhar crítico.
"Assassinatos no Brasil geram preocupação sobre tensões no desenvolvimento na Amazônia", diz o WSJ. Segundo o Journal, a pressão do governo para desenvolver a região da floresta está incentivando a violência crescente.
O tom impressiona porque o jornal de economia destoou de toda a cobertura da imprensa internacional sobre a Amazônia. Enquanto a mídia do resto do mundo fez uma ampla cobertura do aumento do desmatamento na Amazônia e responsabilizou Bolsonaro pela destruição da floresta, o WSJ chegou a publicar um artigo defendendo o presidente brasileiro.
Em agosto, pior momento da imagem do Brasil na imprensa estrangeira por conta das queimadas, a colunista Mary Anastasia O'Grady argumentava que os incêndios na Amazônia eram causados especialmente por secas, e que a política de Bolsonaro para o desenvolvimento econômico tinha o potencial de ajudar a floresta.
Agora, com os assassinatos dos guajajara, o WSJ vê uma conexão entre a pressão de Bolsonaro para desenvolver a Amazônia e o aumento da violência.
"Desde que assumiu o cargo em janeiro, Bolsonaro falou repetidamente sobre a necessidade de explorar a riqueza da floresta amazônica e trabalhou para facilitar o caminho para mais desenvolvimento na região. Ele disse em agosto que seu governo não reservará mais terras como reservas para grupos indígenas porque 'há muita terra para poucos índios"', relata o jornal de economia.
A publicação explica que com essa postura do governo, o desmatamento na Amazônia acelerou, e que críticos "afirmam que os esforços do governo para promover o desenvolvimento na Amazônia estão incentivando o aumento da atividade ilegal de mineração e extração de madeira, juntamente com a violência contra grupos indígenas".
O olhar crítico chama a atenção também por ganhar as páginas do jornal de economia poucos dias depois de o próprio Journal publicar uma reportagem admitindo que o otimismo com a recuperação econômica do Brasil levava mercados (e suas publicações) a ignorar polêmicas e problemas ligados ao governo. Com raras exceções, a publicação vinha ignorando a relevância de muitas das críticas à postura de Bolsonaro e focava apenas no que via como efeitos positivos para o mercado em suas proposta econômicas.
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