Mortes em Paraisópolis confirmam imagem internacional de violência policial
"Violência policial é uma das mais fortes imagens do Brasil no exterior"
A frase era o título de um post deste blog Brasilianismo exatamente quatro anos atrás, em 2 de dezembro de 2015. Ela volta a ganhar força em 2019, se mantendo como um dos mais marcantes estereótipos do país no resto do mundo.
O texto original falava sobre a repercussão internacional do caso de cinco jovens que haviam sido fuzilados com mais de cem tiros em Costa Barros, no Rio.
Depois de quatro ano, de mudanças radicais na política nacional, e de novos recordes de assassinatos por parte da polícia (especialmente no Rio de Janeiro), o estereótipo de polícia violenta volta a se mostrar consolidado na imagem internacional do Brasil.
Prova disso é a repercussão internacional da morte de nove pisoteadas após ação policial em festa na favela de Paraisópolis. Relatos sobre o caso ganharam destaque quase de imediato em jornais internacionais, com muitas imagens compartilhadas pelos próprios jovens, com alertas para "fotos e vídeos impactantes", conforme relata o colunista da Folha Nelson de Sá.
Isso confirma o que já vem aparecendo regularmente na mídia global, em relatos de aumento no registro de mortes por parte da polícia e casos chocantes em que crianças são vítimas. Tudo isso chega até mesmo a ser chamado de "genocídio", como fez o jornal Le Monde em relação ao que acontece no Rio.
Em 2015, o Brasilianismo já dizia que quase todas as semanas era possível ler relatos na imprensa internacional a respeito das violações aos direitos humanos e a brutalidade dos agentes de segurança, que em contrapartida são vistos como incapazes de diminuir a enorme onda de violência que assusta a sociedade. Isso continua sendo verdade na repercussão de notícias internacionais sobre o Brasil.
Se agora há quem fale em "genocídio", quatro anos atrás a mídia internacional tratava a violência policial como "epidemia",como fez a revista Foreign Policy. Os policiais já eram associados a "assassinatos em série" pela revista The Economist. Já foi dito que é uma força policial "rápida no gatilho". Já se comparou a ações de terror, e não são raras as definições como "fora de controle" para a violência policial.
Ainda em 2015, um relatório da ONG Anistia Internacional indicava que a polícia brasileira e autoridades ligadas ao governo usavam a ideia de legítima defesa como "cortina de fumaça" para encobrir execuções extrajudiciais praticadas por agentes de segurança pública.
Essa percepção ganhou mais relevância com o governo de Jair Bolsonaro, que recentemente foi criticado no exterior por defender uma lei para proteger policiais e soldados que matam.
A má fama da polícia brasileira é muito detalhada no livro "Culture Shock! A Survival Guide to Customs and Etiquette: Brazil" (Choque cultural! Um guia de sobrevivência sobre costumes e etiqueta: Brasil), escrito pelo austríaco Volker Poelz e publicado em 2009.
"A polícia brasileira tem uma má reputação, o que infelizmente não é desmerecido. Apesar de haver muitos policiais honestos que trabalham duro, policiais brasileiros estiveram envolvidos com o crime organizado, venda de drogas, lavagem de dinheiro e venda de armas e muitos outros crimes violentos. Como os policiais são praticamente imunes, é quase impossível processar os suspeitos", diz.
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