Governo não tinha noção do dano à imagem do Brasil, diz Maia sobre Amazônia
A imagem da destruição da Amazônia prejudicou a reputação do Brasil no resto mundo, e o governo de Jair Bolsonaro não tinha noção do quanto a sua posição pública em relação ao meio ambiente danificaria a imagem internacional do país. A avaliação foi feita pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, durante uma palestra em Londres na manhã desta quinta-feira (24).
"Temos dito isso ao governo: 'Vocês estão prejudicando a concretização do acordo do Mercosul com a União Europeia'. Já ouvi de deputados da Alemanha que essa narrativa vai atrapalhar a concretização de um acordo que o Brasil tem trabalhado para concretizar há 20 anos. E nós entendemos que é muito importante", disse Maia durante uma palestra para acadêmicos e diplomatas no Brazil Institute do King's College de Londres.
"O dano é muito grande", continuou Maia. "Hoje a gente sabe que, para empresas multinacionais, a questão do meio ambiente é importante, e temos que tomar cuidado para que uma narrativa não prejudique o Brasil."
O presidente da Câmara disse ter se reunido com o ministro do Meio Ambiente antes de viajar para a Europa, e que ouviu que não há uma política do governo contra a proteção ambiental. Até o momento, segundo ele, não houve nenhuma ação concreta de Bolsonaro para invalidar leis de proteção ambiental. "No parlamento não chegou nenhuma agenda que piore a legislação de proteção do meio ambiente", disse.
Ainda assim, Maia avaliou que a narrativa criada pelo governo pode ter estimulado a ideia de que a lei não precisa ser respeitada.
"O governo não tinha noção, e acho que hoje já tem, do dano à imagem do Brasil com a narrativa que criou. Quando você nega os dados do INPE, você gera uma narrativa para fora de que você na verdade quer negar o problema. Quando você nega o problema, você gera insegurança", disse Maia.
O presidente da Câmara disse que os parlamentares estão tentando ajudar a mudar isso. "A agenda no Parlamento é uma agenda de convergência, pode ser de modernização das leis, mas nunca de prejuízo a nenhuma política que foi construída ao longo dos últimos 20 ou 30 anos no Brasil em relação à proteção do nosso meio ambiente", disse.
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