Governo Bolsonaro tem duas caras ao tratar da Amazônia, diz The Economist
O incêndio na Amazônia pode queimar o presidente Jair Bolsonaro, diz o título da análise mais recente da revista The Economist sobre a destruição da floresta e sua repercussão mundial.
Segundo o texto, Bolsonaro está se movimentando em um terreno traiçoeiro, tentando alimentar o nacionalismo, mas arriscando sua própria popularidade.
Em uma crítica direta à atuação do Brasil durante a polêmica internacional, a revista acusa o governo de ter "duas caras".
"Diplomatas brasileiros no exterior apresentam seu país como comprometido com a interrupção do desmatamento. Em casa, o presidente dá uma piscadela para quem o pratica. É por isso que é importante fazer seu governo manter suas palavras", diz.
A revista lista as medidas tomadas pelo governo de Bolsonaro em poucos meses que reduziram a proteção da floresta e incentivaram o fogo na Amazônia.
Apesar do tom crítico, o texto segue uma linha mais apaziguadora semelhante à de um editorial publicado nesta semana pelo Washington Post, e indica que é importante tomar cuidado ao tratar da questão com o Brasil para não alimentar preocupações quanto à soberania do país na região. Ainda assim, diz que o mundo tem razão em se preocupar com as queimadas.
A Economist diz que a abordagem de Bolsonaro é impulsionada pelo preconceito e pelo nacionalismo, pois ele vê a questão ambiental como esquerdista. Além disso, avalia, o governo tentou usar a mobilização crítica no resto do mundo para alimentar preocupações no Brasil sobre os interesses internacionais na região. "É por isso que o mundo precisa tomar cuidado na abordagem", diz, reconhecendo a soberania brasileira.
"Através da fumaça, duas coisas são claras: as políticas de Bolsonaro são profundamente destrutivas da Floresta Amazônica, e dissuadi-lo exigirá muito mais sutileza no exterior e mais determinação dos adversários e até dos aliados em casa", explica a revista.
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