Pesquisadores estrangeiros se voltam contra cortes de Bolsonaro na educação
Acadêmicos de mais de 800 universidades em todo o mundo assinaram uma carta aberta escrita em Harvard contra o plano do governo de Jair Bolsonaro de cortar investimentos em cursos de filosofia e sociologia no Brasil –mais de 11,5 mil assinaturas haviam sido coletadas no mundo todo até a tarde desta segunda-feira (6).
Na França, um grupo de professores universitários publicou um artigo no jornal Le Monde criticando as propostas de cortes de gastos na educação no país.
Antes disso um editorial do jornal britânico The Guardian atacou duramente os cortes.
Enquanto a revista de educação Inside Higher Ed faz um resumo do movimento global de crítica ao governo e diz que o Brasil vive um momento de hostilidade contra a academia.
Pesquisadores e acadêmicos de todo o mundo estão se posicionando contra as medidas do governo brasileiro na área da educação, vendo como motivos de alerta tanto a proposta de cortar gastos em ciências humanas quanto os cortes em orçamentos das universidades públicas.
"Especialistas veem os cortes nos orçamentos federais das universidades e a ameaças de cortes em programas específicos como motivados ideologicamente", diz o texto da revista Inside Higher Ed.
Segundo a publicação, acadêmicos de todo o mundo levam a sério a ameaça do governo. "Milhares de acadêmicos internacionais assinaram cartas abertas. Uma dessas cartas descreve o ataque à filosofia e sociologia como 'um ataque ao próprio tecido de uma sociedade democrática'. Outra carta diz que 'a intenção de Bolsonaro de cortar fundos de programas de sociologia é uma afronta à disciplina, à academia e, mais amplamente, a a busca humana do conhecimento. Essa proposta é mal concebida e viola princípios de liberdade acadêmica que devem ser parte integrante de sistemas de ensino superior no Brasil, nos Estados Unidos e em todo o mundo'."
Segundo os acadêmicos franceses, em texto publicado no Monde, "as ciências sociais e humanas não são um luxo".
Um dos autores da carta de Harvard contra as medidas do governo, o doutorando Derick S. Baum chamou as propostas de Bolsonaro de "ataque à democracia brasileira".
Segundo a professora Jocelyn Viterna, que assinou a carta, há grande preocupação com a situação da educação no Brasil.
"Sempre que um partido político tenta limitar a criação e o desenvolvimento e conhecimento, particularmente o conhecimento sobre poder, desigualdade e sociedade, isso é motivo de preocupação", disse.
O movimento vem crescendo desde os anúncios do governo, e cada vez mais vozes em universidades e centros de pesquisas de todo o mundo têm se colocado contra as propostas de cortes no país. É verdade que essas instituições sempre pareceram ter uma postura mais crítica ao presidente brasileiro, muito mal avaliado desde a eleição. Ainda assim, o posicionamento maciço de intelectuais de todo o mundo pode ter um forte impacto negativo na imagem do governo brasileiro, criando reações contrárias ao país, e até mesmo a projetos de integração internacional do país com o resto do mundo.
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