Em duro editorial, The Guardian critica corte em ciências humanas do Brasil
"Humanos precisam de ciências humanas", diz o artigo de opinião do jornal britânico. Texto chama Bolsonaro de "autoritário e populista" e diz que a proposta de reduzir financiamento de sociologia e filosofia é um "ataque intelectual".
O jornal britânico The Guardian publicou nesta semana um duro artigo editorial criticando as propostas do presidente Jair Bolsonaro de rever gastos da educação brasileira com ciências humanas. Segundo a publicação, o anúncio de que o governo está considerando reduzir o financiamento do ensino superior de filosofia e sociologia é um problema sério e vai prejudicar o Brasil e o funcionamento da sua democracia.
"Os princípios da democracia liberal são ameaçados por fraudes, mas também por algumas formas de ataque intelectual. Se eles devem ser defendidos e sua prática melhorada, precisamos de mais filósofos e sociólogos. São os assuntos de uso menos óbvio que podem ser de valor final", defende o jornal.
O texto critica duramente a postura política de Bolsonaro, a quem se refere como "autoritário e populista" responsável por "crimes" que podem afetar o mundo inteiro, como o "ataque à Floresta Amazônica". Segundo o jornal, essa postura sobre a educação afeta apenas o Brasil, mas se alinha a um posicionamento tradicional de governos autoritários que visam reduzir o pensamento crítico da sociedade.
"A sociologia e a filosofia são assuntos que parecem aos seus inimigos não produzir nada além de desempregados indecentes, fluentes em sofismas e subversões", diz o editorial. "Autoritários promovem uma sociedade rígida na qual só há espaço para alguns guias e filósofos no topo. Eles precisam saber o que há para saber sobre a humanidade e a sociedade, mas todos os outros precisam apenas conhecer seu lugar", critica o Guardian. Movimentos contra o autoritarismo, por outro lado, "entendem filosofia e pensamento claro mais geralmente como uma ameaça às pretensões da autoridade e uma ferramenta para uma sociedade mais justa e melhor."
O Guardian diz ainda que a defesa que Bolsonaro faz de disciplinas que geram "retorno imediato" para o contribuinte se baseia em uma "visão grosseira" de que o ensino superior é meramente o servo dos mercados. Além disso, diz, ele está apenas dando "uma justificativa conveniente para sua motivação ideológica".
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