Na mídia estrangeira, post obsceno de Bolsonaro declarou guerra ao carnaval
A publicação de um post obsceno pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter na noite de terça-feira (5) se tornou notícia internacional. Para veículos estrangeiros como o jornal britânico The Independent e o site americano Insider, a postagem do presidente brasileiro divulgando um vídeo de conteúdo explícito foi uma forma de atacar o carnaval depois de ele ter sido alvo de protestos por todo o Brasil.
"O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, postou um vídeo sexualmente explícito no Twitter em uma aparente tentativa de criticar o Carnaval de São Paulo, o festival anual de rua da cidade, que registrou protestos contra sua agenda de extrema-direita", diz o jornal inglês.
O Independent destacou ainda a pergunta do presidente sobre "golden shower", e indicou que as publicações causaram reação contra Bolsonaro. "Os brasileiros foram rápidos em condenar a postagem de Bolsonaro como uma má representação do festival", diz. "Críticos acusam o presidente de usar o incidente para minimizar protestos que surgiram em carnavais em todo o país, em que muitos participantes se vestiram para zombar de um escândalo de lavagem de dinheiro envolvendo Bolsonaro."
Se a intenção era atacar os que o ironizaram, o jornal britânico The Guardian indica que isso não funcionou. Segundo a publicação, Bolsonaro passou a ser ridicularizado após a publicação do post.
"O presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro, provocou indignação, nojo e ridicularização depois de twitar um vídeo pornográfico em uma aparente tentativa de revidar as críticas de seu governo durante o carnaval deste ano", diz.
Segundo o Guardian, "foliões de todo o país usaram a festa anual de rua como uma oportunidade para protestar contra seu líder extremista que é notório por seus comentários homofóbicos e racistas, e cuja eleição esmagadora no ano passado horrorizou os brasileiros progressistas."
O tom adotado pelo site americano Insider foi semelhante, alegando que Bolsonaro "declarou guerra ao carnaval" depois de ser alvo de ironia durante a festa.
"O presidente de extrema direita do Brasil parece estar tentando atacar o Carnaval, a maior festa de rua do Brasil, depois que as pessoas realizaram protestos maciços para zombar dele", diz a reportagem.
O jornal norte-americano The New York Times também comentou a polêmica publicação do presidente. Segundo a reportagem, o caso é uma demonstração explícita das "guerras culturais" que acontecem atualmente no Brasil.
O NYT questiona ainda "o que isso tudo nos diz sobre o início da era de Bolsonaro?"
"Talvez mais significativamente, o post sinaliza que Bolsonaro vê valor em estimular debates sociais sobre orientação sexual e moralidade que turbinaram sua ascensão ao poder."
O Times ainda ressaltou que as imagens publicadas pelo presidente não são realmente representativas do carnaval no Brasil. "As festas de rua conhecidas como blocos, que o presidente atacou, tendem a ser eventos desorganizados. Há uma abundância de fantasias sexualmente sugestivas e não há escassez de demonstrações públicas de afeto. Mas a cena destacada por Bolsonaro seria uma aberração se de fato ocorresse durante um bloco recente."
O tabloide inglês The Mirror foi outra das primeiras publicações estrangeiras a discutirem a postagem de Bolsonaro. Segundo a reportagem, a publicação do presidente gerou protestos e muitas críticas nas redes sociais do Brasil.
A tensão entre política e carnaval no Brasil já tinha sido objeto de comentários internacionais antes mesmo dos polêmicos posts do presidente.
Em um artigo publicado na página de opinião da agência de economia Bloomberg, o colunista Mac Margolis alegou que o conservadorismo político e o instinto puritano não conseguiram afetar a maior festa do Brasil, e o país manteve sua irreverência durante o Carnaval. "Felizmente para o Brasil, santimônia não rima com o samba, e a criatividade superou a penúria". O título publicado no site da Bloomberg também apontava para a tensão, dizendo que "Bolsonaro não diminuiu o espírito carnavalesco".
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