Conservadores e mercado tentam dar otimismo a imagem do Brasil de Bolsonaro
Depois de uma eleição dominada por notícias negativas na mídia internacional sobre o próximo presidente brasileiro, veículos de imprensa estrangeiros mais conservadores e voltados a investidores começam a tentar dar um tom mais otimista à imagem do Brasil de Jair Bolsonaro.
Por mais que os principais jornais e TVs do mundo ainda tenham uma abordagem mais crítica ao presidente eleito, sites e revistas mais alinhados à ideologia de direita de Bolsonaro começam a dar espaço para um discurso diferente, mais positivo.
Um exemplo claro disso é o crescimento do número de notícias sobre o Brasil no site conservador Breitbart, cujo editor-chefe até meados deste ano era o ex-assessor de Donald Trump Stephen Bannon. O Brasil raramente era mencionado na publicação, mas nas últimas semanas as referências ao país aumentaram. No domingo, uma reportagem usou um enfoque bem positivo para falar sobre a proposta de Bolsonaro de facilitar a posse de armas no país.
Um outro site conservador americano com olhar mais atento ao Brasil a partir da eleição de Bolsonaro, The Federalist publicou um artigo defendendo uma maior aproximação entre a política externa dos EUA e do Brasil.
"O relançamento das relações Brasil-EUA podem transformar a política externa na América Latina, com consequência fabulosas", dizia o artigo. O texto chama a eleição de Bolsonaro de uma grande "oportunidade" para os EUA.
"Com a esquerda anti-americana finalmente fora do poder no Brasil, e com chance de continuar assim por vários anos, pelo menos, devemos nos aproximar da nova liderança e sinalizar nossa disposição para ajudá-los a elevar seu status internacional como nosso parceiro preferencial na região", complementa.
Segundo o site de jornalismo McClatchy, a atenção dada pelo governo Trump ao próximo governo brasileiro tem crescido, o que já preocupa a Argentina, que vinha se colocando nos últimos anos como principal parceiro dos EUA na região.
Entre políticos e empresários argentinos, diz, há grande "ansiedade em relação a Bolsonaro", e seu alinhamento ideológico com Trump. "Acho que eles vão ser melhores amigos", disse um consultor político argentino entrevistado pela publicação.
Apesar de a mídia tradicional ainda ter um posicionamento mais crítico em relação ao presidente eleito do Brasil, até mesmo veículos tradicionais chegam a dar espaço para uma visão mais positiva. Isso é bem evidente no caso da agência de economia Bloomberg.
Duas reportagens publicadas pela Bloomberg nesta terça-feira (4) deixam isso bem visível. Por um lado, a agência publicou uma reportagem sobre como a gestora de investimentos globais BlackRock está otimista, vendo o Brasil como um país que está se tornando mais "atraente".
A gestora estaria "apostando que o próximo governo vai implementar medidas favoráveis ao mercado, acelerando a recuperação da maior economia da América Latina", diz. Segundo a gestora, "a ideia do futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, de reduzir o tamanho do governo através de privatizações, concessões e venda de ativos é 'música para os ouvidos do mercado"'.
Uma outra reportagem mais positiva sobre Bolsonaro na mesma Bloomberg indica que o próximo governo do Brasil está tentando romper com uma tradição de troca de cargos por apoio político.
"Tradicionalmente, líderes da maior nação da América Latina tinham que oferecer ministérios a partidos aliados para formar uma maioria no Congresso que tem mais de duas dúzias de partidos. Mas depois de anos de escândalos de corrupção que derrubaram a confiança nos políticos tradicionais do Brasil, Bolsonaro escolheu seu gabinete ignorando poderosos chefes de partidos", diz.
O texto faz a ressalva de que não é possível saber se esta nova forma de fazer política no país vai funcionar. Ainda assim, coloca o próximo governo do país em oposição à forte imagem de corrupção que se consolidou em torno do Brasil nos últimos anos.
O surgimento de vozes mais positivas em relação ao governo de Bolsonaro não chega a romper com a tendência crítica construída desde antes mesmo da eleição, e a maior parte da mídia tradicional continua com tom muito negativo sobre o próximo governo mesmo em outras publicações mais liberais em termos econômicos, como o "Financial Times". Mas é possível perceber que começam a aparecer vozes dispostas a apoiar a imagem internacional do novo governo, especialmente se ele conseguir levar adiante reformas que interessam ao mercado e a investidores estrangeiros.
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