Fã de Trump, novo chanceler preocupa ambientalistas, diz mídia estrangeira
A escolha do diplomata Ernesto Henrique Araújo para ser o ministro das Relações Exteriores do governo de Jair Bolsonaro foi vista internacionalmente como uma indicação de grande alinhamento do Brasil aos EUA, e como uma decisão preocupante para o ambiente global.
Araújo foi descrito pelas reportagens publicadas pelas agências internacionais como um "fã de Trump", que deve mudar os rumos da diplomacia brasileira.
"Araújo, diplomata de carreira, é atualmente chefe do departamento dos Estados Unidos e do Canadá do Ministério das Relações Exteriores. No ano passado, ele gerou reações no Ministério das Relações Exteriores com um artigo que afirmava que o Brasil teria a chance de recuperar sua "alma ocidental" ao abraçar o nacionalismo de Trump e perseguir seus próprios interesses, em vez de se ligar a blocos de países", diz reportagem da Reuters.
A admiração pelo presidente dos EUA também foi destacada pela Bloomberg, que se referiu a Araújo como "Trump-loving diplomat" (que poderia ser entendido como um seguidor apaixonado do presidente americano). Segundo a agência de economia, a escolha foi o mais recente sinal de rompimento em relação à tradição da política externa brasileira.
Em um artigo publicado na página de opinião da mesma Bloomberg, o colunista Mac Margolis diz que o começo do processo de transição para o governo de Bolsonaro está sendo marcado por tropeços na política externa, e que as declarações do presidente eleito têm criado problemas para a diplomacia do país. Segundo ele, o presidente eleito deveria escolher alguém experiente para ser chanceler, e o primeiro trabalho do novo ministro seria o de educar o presidente sobre diplomacia.
O tom mais crítico em relação à escolha do novo ministro das Relações Exteriores foi publicado em reportagem do jornal britânico "The Guardian". Segundo o texto, a indicação de Araújo preocupa ambientalistas em todo o mundo.
"Bolsonaro escolheu um novo ministro das Relações Exteriores que acredita que a mudança climática é parte de uma trama de 'marxistas culturais' para sufocar as economias ocidentais e promover o crescimento da China. (…) Sua nomeação, confirmada por Bolsonaro na quarta-feira, deve causar um arrepio no movimento climático global", diz o jornal.
"Ernesto Araujo –até agora um funcionário de nível médio que escreve sobre a 'criminalização' da carne vermelha, do petróleo e do sexo heterossexual– se tornará o principal diplomata do maior país da América do Sul, representando 200 milhões de pessoas e a maior e mais biodiversa floresta da Terra, a Amazônia", complementa.
Segundo o jornal inglês, especialistas em negociações climáticas disseram que a nomeação foi triste para o Brasil e para o mundo. O diplomata, "que nunca serviu como embaixador no exterior, alega que políticos esquerdistas não identificados sequestraram o ambientalismo para servir como uma ferramenta para a dominação global", diz.
A questão ambiental tem sido um dos principais fatores citados pelo "Guardian" em uma avaliação crítica do presidente eleito do Brasil. Em um editorial publicado após a eleição, o jornal tratou Bolsonaro como um perigo para todo o mundo por conta da sua postura em relação à proteção ambiental.
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