Editorial do “Guardian” diz que eleição de Bolsonaro é perigo para o mundo
Um editorial publicado pelo jornal britânico "The Guardian" nesta semana classifica como "deprimente" a eleição de um "presidente de extrema-direita" no Brasil e diz que Jair Bolsonaro "representa um perigo claro e real não apenas para seu país, mas também para o planeta".
O texto de opinião ressalta que o presidente eleito defendeu a ditadura e a tortura no Brasil e falou sobre matar adversários de esquerda, mas alerta que a ameaça vai além do seu país.
"O programa de Bolsonaro, se levado a sério, e suas declarações ambientais, se tomadas literalmente, representam uma ameaça à humanidade. O novo presidente do Brasil toma posse em janeiro com responsabilidade sobre os pulmões do mundo, a Amazônia, e do celeiro mundial, o Cerrado. Ele será capaz de decidir o curso da batalha contra a mudança climática em um momento crítico. Os sinais não são bons", diz o jornal.
Segundo o "Guardian", o principal compromisso eleitoral de Bolsonaro era colocar seu governo a favor das grandes corporações agrícolas do Brasil, o que favorece os negócios em detrimento da biodiversidade. "O presidente de extrema-direita eleito também prometeu enfraquecer a aplicação das leis ambientais, enquanto criminaliza o ativismo. É um pacote de medidas que não vai reformar o modelo do capitalismo que está lentamente fervendo a atmosfera, mas acelerar ele."
O jornal alerta que medidas que acarretem destruição da Amazônia podem gerar reação de investidores da União Europeia, o que também pode ser ruim para a economia brasileira.
"Até agora, o Brasil tem sido uma força moral para o bem ambiental: em grande parte resistindo aos apelos para explorar seus vastos recursos naturais para favorecer investidores, enquanto reúne nações ricas e pobres durante as negociações climáticas. Era o favorito para sediar as próximas negociações climáticas da ONU. Agora, em vez de ajudar, a quarta maior democracia do mundo parece causar danos irreparáveis", avalia.
Apontado nesta semana como o jornal em que os britânicos mais confiam, segundo uma pesquisa nacional, o "Guardian" assumiu desde antes da eleição uma postura muito crítica em relação a Bolsonaro.
Em abril, bem antes do início oficial da campanha presidencial deste ano, o jornal publicou uma reportagem comparando o então candidato a presidente com Donald Trump, e já o classificou como "perigoso. Meses depois, em um editorial com a opinião da publicação, o jornal voltou à comparação e disse que o brasileiro era "pior do que Trump". Desde a vitória de Bolsonaro, o jornal tem publicado várias reportagens sobre as definições para o próximo governo e os impactos disso para o Brasil e o resto do mundo.
"Há todos os motivos para pensar que os brasileiros que votaram apressadamente em Bolsonaro se arrependerão", diz o editorial mais recente.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.