Após apoiar Bolsonaro, mercados trocam empolgação por cautela com o Brasil
Um dia depois da vitória do candidato que o mercado internacional apoiou na eleição presidencial brasileira, investidores estrangeiros parecem ter deixado de lado a empolgação com o Brasil, adotando uma postura de cautela. A semana começou com alta do dólar e queda da Bolsa, enquanto veículos da imprensa estrangeira dedicados à economia avaliam o futuro do país.
O tom do "Wall Street Journal", por exemplo, mudou após a eleição. Depois de ser um dos poucos veículos da imprensa internacional que não atacou a eleição de Bolsonaro, alegando que ele poderia "drenar o pântano" da política brasileira, o jornal publicou um vídeo muito mais crítico, apontando para declarações autoritárias e preconceituosas do presidente eleito e avaliando que ele pode ameaçar o funcionamento da democracia brasileira.
A rede de economia americana CNBC, que desde a campanha eleitoral indicava o apoio de investidores estrangeiros a Bolsonaro, também mudou o tom, e agora fala em possível "fim da euforia". Em vez de ver oportunidades no país, o mercado agora prefere "esperar para ver" o que vai acontecer, por conta da "imprevisibilidade" do presidente eleito.
"A capacidade de Bolsonaro de liderar o Brasil tem sido questionada por muitos, considerando alguns de seus comentários. Ele disse à Playboy em 2011 que preferiria ter um filho morto do que um filho gay. Ele também disse que os imigrantes haitianos estavam trazendo doenças para o Brasil. 'Muitos no Brasil se preocupam com sua personalidade ousada e às vezes controversa, traçando paralelos com o comportamento e a retórica dos presidentes Trump e Duterte'", diz, citando analistas de mercado".
Segundo a CNBC, investidores esperam que Bolsonaro seja mais pragmático e tenha cuidado para não alienar setores da sociedade, levando adiante reformas na economia brasileira. "Os investidores estão torcendo pela vitória de Bolsonaro ao verem sua presidência como a melhor chance para o Brasil aprovar uma reforma previdenciária. O sistema previdenciário do país contribuiu para um déficit fiscal gigantesco, que subiu para 8% do PIB no ano passado, de 3% em 2013."
Segundo uma análise publicada pela rede britânica BBC, entretanto, apesar de estar cauteloso, o mercado ainda vê com esperanças o próximo governo do Brasil. Um dos motivos para isso é o fato de que a esquerda saiu derrotada das eleições, dando espaço a uma visão da economia mais atraente para investidores.
O ponto de vista também esteve presente na avaliação publicada na CNBC. "É difícil diferenciar entre o mercado como ele ou o mercado apenas se sente aliviado porque o PT não está mais no comando", disse o presidente da Andean Capital, Dan Osorio.
Segundo uma reportagem publicada no site da revista "Forbes", o mercado ainda vê com otimismo a perspectiva de uma abertura do Brasil ao resto do mundo, e os primeiros cem dias de governo Bolsonaro vão ser muito importantes para definir a relação entre investidores e o país. A publicação fala sobre cortes em impostos, controle sobre a austeridade, luta contra o desemprego e corte nos gastos.
"Os investidores também vão esperar para ver se ele cumpre as promessas de reduzir o tamanho do Estado. Espera-se que Bolsonaro reduza o número de burocracias federais de 29 para 15, mas em um momento de alto desemprego, a eliminação de cargos de funcionários públicos de classe média será difícil."
"Bolsonaro começará sua Presidência com o período tradicional de lua-de-mel. Espera-se que ele aproveite este período e corra com suas propostas de reforma para iniciar debates no Congresso. A maior proposta é a reforma da previdência. Ele pediu para aumentar a idade de aposentadoria, mas apenas para 61. E para criar um plano separado para a polícia e militar, dois de seus principais eleitores."
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