BBC analisa cultura do atraso no Brasil e acena a ritmo de vida pouco sério
O Brasil é um país atrasado. Deixando de lado a ideia de desenvolvimento normalmente relacionada à frase acima e entrando numa questão de hábitos, costumes e pontualidade, a rede britânica BBC publicou em seu site de viagens uma interessante crônica para tentar explicar por que os brasileiros –e especialmente os cariocas– estão sempre atrasados.
"Graças a uma atitude sem pressa de que 'a vida é uma praia', brasileiros aprenderam a não esperar nem valorizar a pontualidade", diz. "Em um país famoso por sua relação relaxada com horários, os moradores do Rio são conhecidos como os menos pontuais", continua.
O texto é assinado pela escritora especializada em turismo Lucy Bryson, que passou nove anos no país, e diz que demorou para aprender a lidar com a falta de pontualidade brasileira.
Segundo Bryson, o estranhamento estrangeiro com a falta de pontualidade brasileira não é novo. Ela cita o livro "Brazilian Adventure: A Journey Into the Heart of the Brazilian Amazon", de 1933, em que Peter Fleming diz que "o atraso no Brasil é um clima. Você vive nele, você não pode sair dele. Não há nada que se possa fazer".
No texto, ela discute ainda como até mesmo o idioma reflete esta relação dos brasileiros com o atraso, com muitas palavras para expressar "atraso" que nem teriam tradução direta para o inglês.
Apesar do tom bem humorado da crônica de costumes, e de o texto não tocar nesse perfil mais problemático da questão, a relação dos brasileiros com a pontualidade e o estranhamento que isso gera para estrangeiros pode ter influência sobre uma característica que incomoda os brasileiros. A percepção de atrasos constantes tem relação direta com a ideia de que o Brasil não é um país sério, descrição que se repete com frequência nas descrições da nação, e que virou um "mantra" da cultura do país.
Atribuída tradicionalmente de forma equivocada ao ex-presidente francês Charles de Gaulle, a descrição foi feita pelo diplomata Carlos Alves de Souza, embaixador na França nos anos 1960, e se repete com frequência nas discussões sobre a imagem do país no exterior.
Bryson não trata da frase, mas cita Fleming na tentativa de entender como lidar com a falta de pontualidade dos brasileiros, e acaba acenando indiretamente à falta de seriedade do país: "O encanto do Rio não está na ordem das coisas, mas no ritmo de vida descontraído."
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