Deu na 'Foreign Policy': 'Milagre institucional' mudou política brasileira
O destaque dado em todo o mundo à instabilidade política brasileira ao longo dos últimos meses esconde um avanço notável do país, que viveu um "milagre institucional" e vai sair da crise com um Estado de Direito mais forte, segundo um artigo publicado na revista de política internacional "Foreign Policy".
Enquanto o processo de impeachment faz parecer que o país voltou ao passado, e que os avanços dos anos 1990 e 2000 eram apenas um "soluço", uma análise detalhada do que está acontecendo no Brasil mostra algo diferente, alega.
"É difícil defender a ideia de que o Brasil é o mesmo lugar corrupto e sem leis", diz. O texto destaca o fato de que políticos importantes estão sendo condenados e punidos, diretores de grandes empresas foram presos e que o governo interino está mantendo avanços sociais dos governos anteriores.
"Na verdade, o que estamos vendo no Brasil é o processo naturalmente confuso pelo qual o Estado de Direito surge. A força inesperada do sistema de pesos e contrapesos trouxe mudanças poderosas em um período relativamente curto. E a força desse sistema de pesos e contrapesos vem de decisões intencionais e específicas tomadas na Constituição de 1988", explica.
Segundo o texto na "Foreign Policy", a definição de um sistema eleitoral inclusivo com pontos de entrada para participação da sociedade divil e um presidente constitucionalmente forte garantiram poder e independência a instituições não-políticas como o Judiciário, procuradores públicos, cortes de auditoria, polícia federal e mídia livre. "Este é o milagre institucional que mudou de forma poderosa a política brasileira", diz.
O texto é assinado pelo professor de economia da Universidade de Indiana Lee Alston, em parceria com os pesquisadores brasileiros Marcus Melo e Bernardo Mueller. Ele é uma parte do que é apresentado do livro "Brazil in Transition", recém-publicado nos Estados Unidos.
Alston já havia defendido tese semelhante em um artigo publicado no site "The Conversation", em maio. Segundo ele, o processo novelesco do impeachment aconteceu dentro das regras constitucionais, sem envolvimento dos militares, então não se poderia falar em golpe.
Por mais que processos de impeachment normalmente possam gerar instabilidade, explica, ele pode aumentar a confiança internacional no Brasil.
"Longe de ser um golpe, a atual turbulência oferece uma chance ao Brasil, com a liderança certa, voltar a políticas iniciadas nos anos 1990 colocando o país numa trajetória virtuosa de grande crescimento e redução das desigualdades", dizia.
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