Brasil trocou celebração por espetáculo da disfunção política, diz 'NYT'
Uma sensação de impotência e indignação toma conta do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência do Brasil. Quem relata é o jornal norte-americano "The New York Times", que visitou a presidente afastada Dilma Rousseff em seu "bunker" enquanto ela se prepara para a votação do impeachment no Senado.
"Não era para ser assim. O Brasil esperava celebrar seus triunfos com a realização dos jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, e não sediar um espetáculo de disfunção política de cair o queixo", diz a reportagem.
"Dilma, a primeira presidente mulher do Brasil, deveria estar se preparando para receber líderes mundiais, não enfrentando a humilhação de uma luta contra o impeachment", continua, citando críticas da presidente afastada ao governo interino de michel Temer.
O "NYT" tem sido muito crítico ao processo político por que o Brasil está passando. Apesar de atacar políticas do governo Dilma Rousseff e de relatar investigações que revelam corrupção dentro do seu partido, o jornal tem apontado problemas no encaminhamento do impeachment.
Segundo a publicação norte-americana, o processo para tirar Dilma da Presidência expõe a hipocrisia das lideranças políticas brasileiras. Uma reportagem recente destacava que Dilma não está sendo acusada de roubo, o que é "uma raridade entre as principais figuras políticas do Brasil". Mesmo assim, ela vai ser julgada por muitos políticos que estão envolvidos em seus próprios escândalos, dizia.
A publicação evitou se posicionar claramente a respeito das acusações de que o impeachment seria o equivalente a um golpe de Estado, entretanto. Em vez disso, a publicação convidou dois brasileiros para defender a posições diferentes sobre a votação da Câmara. "O impeachment é uma forma necessária de combate à corrupção, ou um golpe de conservadores influentes?", questionou, na sessão "Room for Debate".
O jornalista norte-americano Alex Cuadros fez a mediação do debate, tentando explicar aos norte-americanos o que de fato acontece no Brasil. Ele diz que apesar da retórica contra e a favor do governo, as coisas não são tão simples quanto podem parecer. "A disputa no Brasil está longe de preto e branco", disse. "Os dois lados convenientemente exageram na simplificação do que está em jogo."
Segundo a reportagem mais recente do "NYT", Dilma ainda tem esperança de que os problemas de Temer o façam perder legitimidade e levem a votação do impeachment a favor dela.
Antes da reportagem, um editorial já criticava o governo interino de Temer, e dizia que o Brasil tinha uma medalha de ouro em corrupção. "As nomeações reforçaram as suspeitas de que o afastamento temporário de Dilma por maquiar ilegalmente as contas do governo teve uma segunda intenção: abafar as investigações", dizia.
"Mas para cada passo em falso dos seus adversários, Dilma e seus próprios aliados também foram pegos por novas revelações nas investigações de corrupção", explica a reportagem do "NYT".
O jornal cita ainda o colunista da "Folha" Josias de Souza comparando a atual disputa política no país com uma luta entre facções criminosas rivais.
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