A um ano da Olimpíada, Brasil já reforça imagem de país só de festas
Logo que o Brasil foi indicado como sede da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, o consultor britânico Simon Anholt, especialista em imagem internacional de países, avaliou o impacto dos dois eventos para a "marca Brasil" no resto do mundo.
Para ele, o país deveria aproveitar para mostrar ao resto do planeta que tem capacidade de ser uma nação séria, com infraestrutura e serviços de qualidade, e não apenas um país de festas, como o Brasil já era visto internacionalmente. Nos termos de Anholt, o Brasil tinha que deixar de ser um país apenas decorativo no cenário global.
Mas o país não seguiu a sugestão do consultor, e a imagem superficial de um lugar festivo só foi reforçada.
Minha pesquisa de mestrado estudou a construção da imagem do Brasil durante a Copa do Mundo do ano passado e mostrou que o evento ampliou a visibilidade do país, mas apenas reforçou a associação entre o Brasil e grandes festas. O país foi até bem-sucedido em evitar que os problemas da organização, de violência ou de caos fossem as imagens mais marcantes no período, mas não conseguiu transformar sua marca global em país com relevância internacional.
E o mesmo começa a se desenhar a um ano da Olimpíada do Rio.
Enquanto jornais internacionais criticam problemas relacionados à organização do evento, incluindo grande divulgação da poluição das águas da cidade, muitas publicações começam a falar sobre a grande festa que vai ocorrer no país no ano que vem.
Um artigo publicado pelo jornal francês "Le Monde" já indica que o mundo vai olhar para o Brasil mais uma vez em busca, acima de tudo, de diversão.
"O Brasil pretende fazer dos Jogos do Rio a maior festa do esporte", diz. "Ainda falta um ano de espera, mas o coração do Brasil já bate mais forte".
O jornal britânico "Daily Telegraph" vai na mesma linha. "Jogos Olímpicos de 2016, no Rio, vão ser loucos, maus e perigosos – mas totalmente únicos", diz o jornal. O texto, por sua vez, compara a Olimpíada do próximo ano a um carnaval – mais um clichê do Brasil.
Tudo bem que a imagem internacional de um lugar em muitos sentidos reflete a realidade vivida ali – e que ser associado a uma boa festa não é necessariamente um problema. Claro que é exagero achar que o Rio vai se transformar, e mudar sua cultura, em apenas um ano. É verdade que o Brasil está atrasado em muitas questões de organização, mas ainda daria tempo de o Rio fazer o que o país não fez durante a Copa, e mostrar também uma face mais séria do país.
Mesmo sem romper com a imagem já construída e sem frustrar quem estiver procurando uma grande festa, cabe ao Rio a tentativa de fazer, pelo menos, uma festa bem planejada, segura e organizada. Falta um ano.
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