'NY Times': Em ruínas, Fordlândia é retrato de cidade em perpétuo declínio
As ruínas de Fordlândia, a cidade que Henry Ford tentou construir no meio da Amazônia nos anos 1920, são um testemunho da loucura de tentar dobrar a selva à vontade do homem.
A avaliação é de uma grande reportagem publicada no "New York Times". O correspondente Simon Romero visitou o local, atualmente habitado por cerca de duas mil pessoas, e conta a história curiosa da terra de Ford na Selva.
O texto descreve Fordlândia quase um século após sua construção, e diz que a floresta e enchentes destruíram seu hospital e o cemitério, mas que ainda há casas construídas na época que resistem de pé apesar da decadência do local.
Ilustrada com várias fotografias da cidade, a reportagem narra o projeto de Ford para produzir borracha no território brasileiro, e cita o importante livro do historiador Greg Grandin sobre o tema.
"Ao final da Segunda Guerra Mundial estava claro que cultivar borracha em Fordlândia não seria lucrativo (…). Depois que Ford devolveu a cidade ao governo brasileiro, em 1945, Fordlândia foi transferida de uma agência pública para outra, especialmente para experimentos de agricultura tropical, sem sucesso. A cidade entrou em um estado aparentemente perpétuo de declínio", diz o texto.
A longa reportagem do "New York Times" é a mais recente abordagem a respeito da cidade que volta com regularidade ao noticiário internacional. O fato de que um dos homens mais ricos do mundo no século passado decidiu criar uma vila no meio da floresta é sempre visto como muito curioso, e serve para dar noção a respeito do tamanho da Amazônia e dos desafios de empreender em meio à selva, o que ajuda estrangeiros a entenderem um pouco melhor a realidade do norte do Brasil.
Outro ponto curioso é que a reportagem destaca o importante trabalho do historiador Greg Grandin, um dos entrevistados para o livro "Brazil, um país do presente", e ajudou a traçar a imagem que os norte-americanos têm da Amazônia brasileira –muito importante no espectro da imagem internacional do país.
Além de uma pesquisa aprofundada a respeito da realidade brasileira e amazônia no início do século 20, Grandin costuma analisar a situação política do Brasil atual.
Ideologicamente ligado à esquerda, Grandin escreve sobre o país na revista "The Nation". Em artigo publicado recentemente, ele criticou duramente o impeachment de Dilma Rousseff, que disse ser possível classificar de "golpe midiático e golpe constitucional. Pelo menos em parte, é também um golpe escravagista", disse.
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