Solto, Lula consolida imagem de 'salvador' da esquerda contra Bolsonaro
A cobertura feita pela imprensa internacional sobre os primeiros passos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após sua libertação dá sinais sobre a narrativa que se constrói para o futuro da política brasileira –e sobre a importância dele em qualquer cenário para o país. É Lula quem vai liderar a oposição de esquerda do país em um momento de grande polarização, segundo a percepção no exterior.
Após a publicação de relatos mais factuais sobre a decisão do STF e a saída de Lula da prisão, as principais reportagens da mídia estrangeira mostram que o ex-presidente consolidar sua imagem como a principal liderança da esquerda e da oposição ao governo de Jair Bolsonaro.
Lula é descrito por publicações no exterior como o "salvador" do Brasil, como o líder que permite que a esquerda volte a sonhar. Ele se apresenta pronto para disputar com a direita no governo. E ao mesmo tempo ele "aprisiona" o debate político no país.
"A libertação de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente socialista do Brasil, deu um forte impulso aos esquerdistas ressurgentes em toda a América Latina", diz uma reportagem publicada pelo jornal britânico The Times.
O título da reportagem diz que "Libertação de Lula deixa a esquerda sonhar com um Brasil sem Bolsonaro".
"O reaparecimento de Lula, há muito tempo o político mais popular do Brasil, fortaleceu uma oposição enfraquecida por uma série de escândalos de corrupção", continua.
O jornal francês Le Monde segue uma linha semelhante na cobertura do discurso de Lula em São Bernardo do Campo. Segundo o Monde, o ex-presidente se posiciona como o "salvador" do Brasil diante da extrema-direita.
"Para ele, o objetivo nada mais é do que 'salvar' o Brasil contra o 'projeto de ódio' da extrema direita. Em uma linguagem clara, e às vezes simplista, Lula disse que queria 'lutar por um país feliz"', relata o Monde.
O jornal também elogia a capacidade de Lula de dar voz ao movimento de esquerda. "Aos 74 anos, o orador não perdeu a coragem nem a estrela. 'Tenho mais coragem de lutar do que antes', ele diz. O discurso encantou a multidão, jubilante e muitas vezes chorando."
Segundo a agência de notícias Reuters a libertação do ex-presidente fortalece o discurso de oposição ao governo. "Lula atacou no sábado o presidente de direita Jair Bolsonaro por empobrecer os trabalhadores brasileiros e prometeu unir a esquerda para vencer as eleições de 2022", diz.
Se por um lado avaliações publicadas no exterior tratam Lula como "salvador" do movimento de oposição, olhares mais críticos apontam problemas para o futuro político do Brasil com sua libertação.
"Seu status de figura pública e de único oráculo da esquerda limita a diversidade política e sufoca novas lideranças. Em um momento em que o círculo governante do Brasil se afastou fortemente à direita e o centro implodiu, a lacuna à esquerda reduz a própria democracia", argumenta o colunista.
Segundo Margolis, o próprio Lula ajudou a empobrecer o campo político da esquerda ao não permitir a ascensão de um substituto convincente para ele.
"Salvador" ou "carcereiro", o ex-presidente é visto de fora como uma liderança importante para a política brasileira, e sua presença no campo polarizado vai ajudar a definir o futuro do país.
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