Em 68, New York Times via AI-5 deixar ditadura violenta e livre de amarras
"Prisões", "censura", "perseguição", "Congresso fechado", "ditadura livre de amarras constitucionais". Uma busca pelo termo "Brazil" nos arquivos do jornal norte-americano The New York Times em dezembro de 1968, quando foi emitido o AI-5, mostram que mesmo de fora era perceptível o quanto o regime militar ditatorial ampliava seu poder e cerceava a liberdade de forma violenta com o Ato.
O resgate do arquivo da época é importante no momento em que o deputado federal Eduardo Bolsonaro diz que se a esquerda brasileira "radicalizar", uma resposta pode ser "via um novo AI-5". Enquanto o Ato levou críticos a serem atacados e calados com violência dentro do Brasil na época, fora do país já se via que a liberdade era esmagada por radicais.
O arquivo do jornal mostra que foram publicados 74 textos mencionando o país no mês do AI-5. Quase todos eles mostram uma imagem muito negativa do país que se afastava de forma mais evidente da democracia.
"Centenas de prisões no Brasil em crise política", dizia o título de uma reportagem de 16 de dezembro. "Censura do Exército é imposta à imprensa, rádio e TV", continua.
No dia seguinte, o jornal publicava mais de meia página sobre o que acontecia no país. Uma análise dizia que uma ditadura militar livre de amarras constitucionais se consolidava.
"A explosão da ira militar contra críticos civis do governo apoiado pelos militares de Arthur da Costa e Silva é uma vitória de oficiais da 'linha dura' do Exército que querem um regime mais forte", avaliava o jornal.
Apesar da fala de Eduardo Bolsonaro ser uma ameaça contra o que ele chama de "radicalização", o jornal americano relata, dias após o AI-5, que a medida já era planejada pelos militares para ampliar os poderes da ditadura.
Segundo o New York Times, com o Ato, qualquer crítico do governo era rotulado como "subversivo".
"Esses coronéis veem 'progresso ordenado' como uma questão de segurança nacional. Eles descrevem como subversivos os políticos, intelectuais, padres católicos, jornalistas e estudantes que protestam contra a indiferença em relação a problemas sociais, incompetência administrativa e brutalidade policial", diz.
Logo abaixo, um texto com foco em política externa e relações bilaterais argumentava que o aumento da repressão no Brasil podia se consolidar como um problema para o governo dos Estados Unidos.
"O Departamento de Estado disse hoje que as prisões no Brasil 'apresentam um sério problema potencial', mas não agiu para suspender relações diplomáticas", dizia.
Segundo o jornal, a questão da suspensão das relações diplomáticas não foi levantada por não ter havido uma mudança de governo.
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