Bolsonaro alimenta desconfiança externa ao abrir 'dia do ditador' na ONU
As primeiras avaliações internacionais sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, adotaram um tom crítico. Para observadores externos, o presidente não conseguiu reduzir a desconfiança externa e, em vez de ser conciliador, adotou um tom combativo que abriu o que chegou a ser chamado de "dia do ditador" na ONU.
O jornal francês Le Monde foi a primeira publicação estrangeira a se debruçar em detalhes sobre a fala do brasileiro, que chamou de confusa e cheia de digressões.
Segundo a reportagem publicada, Bolsonaro rompeu com a tradição de buscar consenso que marcou décadas de discursos brasileiros na ONU. Além disso, diz que ele usou inverdades para partir para o ataque.
"O tom foi dado. A 74ª Assembléia Geral da ONU mostra a realidade de um mundo em que 'democracias iliberais', 'democraduras' e líderes populistas de todos os tipos estão em ascensão", diz o Monde.
A avaliação ecoa reportagem publicada antes mesmo do discurso de Bolsonaro pelo site americano Politico. A página apresentou o dia de discursos na ONU como "O dia do ditador", com uma foto do presidente brasileiro.
"O presidente Donald Trump inicia a sessão principal da Assembléia Geral das Nações Unidas ao lado de uma galeria de ditadores, populistas barulhentos e pretensos autocratas", dizia a reportagem. Bolsonaro é descrito no texto como um populista de direita defensor da ditadura.
"A ordem inicial do discurso na principal reunião diplomática do mundo é uma coincidência e, no entanto, serve como um lembrete vívido do declínio da democracia em todo o mundo", complementa.
Também avaliando o discurso do presidente brasileiro, o jornal britânico The Guardian destacou o ataque de Bolsonaro contra a imprensa internacional pela cobertura crítica das queimadas na Amazônia.
"Com o Brasil lutando para reparar sua imagem no exterior após a crise na Amazônia, alguns observadores esperavam que Bolsonaro fizesse um discurso mais suave na assembleia da ONU. Em vez disso, o presidente do Brasil foi para a ofensiva, iniciando seu discurso com um ataque trumpista ao socialismo e concluindo com uma visão obscura contra os 'sistemas de pensamento ideológico' de esquerda que ele alegou ter invadido escolas, universidades, casas e até almas brasileiras", diz o jornal inglês.
"Bolsonaro lançou uma defesa irritada e conspiratória de seu histórico ambiental, culpando Emmanuel Macron e a mídia 'enganosa' por destacar os incêndios deste ano na Amazônia. Em um discurso combativo de 30 minutos à assembléia geral da ONU, Bolsonaro negou – ao contrário da evidência – que a maior floresta tropical do mundo estava 'sendo devastada ou consumida pelo fogo, como a mídia enganosamente diz'."
No Twitter, o editor da revista Americas Quarterly, Brian Winter, também criticou o discurso do presidente.
"Bolsonaro teve uma oportunidade de ouro para deixar o mundo um pouco mais à vontade –'Sim, temos um problema na Amazônia, estamos cuidando dele, e o problema é nosso'. Em vez disso, ele fez um discurso belicoso consistente com quase tudo o que faz – atacando socialistas."
Segundo reportagem do Huffington Post, o presidente Brasileiro fez um discurso raivoso em que defendeu o desmatamento da Amazônia.
"Apesar de seus repetidos apelos para colocar os negócios acima da ideologia, Bolsonaro mergulhou seu discurso em clichês da era da Guerra Fria", diz.
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