Segundo autor, Brasil foi alvo de ‘Família’ antidemocrática tema da Netflix
Tema de uma nova série documental da Netflix, um grupo religioso secreto e conservador influencia a política nos EUA para satisfazer suas ambições globais. Conhecido como "A Família", este poderoso grupo formado por fundamentalistas também foi responsável pela mediação de acordos entre o governo dos Estados Unidos e a ditadura militar estabelecida no Brasil entre 1964 e 1985, segundo o autor do estudo original que deu origem à série.
Muito antes de a série "The Family – Democracia Ameaçada" ser lançada na Netflix, o pesquisador norte-americano Jeff Sharlet, autor do livro que deu origem ao documentário, falou sobre a relação entre o grupo e os militares brasileiros.
Em entrevista concedida ao autor deste blog Brasilianismo pouco após o lançamento do livro "The Family" nos EUA, em 2008, Sharlet disse que a "Família" viu os militares brasileiros como "pessoas-chave" no que acreditavam ser uma luta contra o comunismo ateu no Brasil. Segundo ele, os brasileiros, por sua vez, viram nos "irmãos" a possibilidade de acesso ao poder dos EUA.
"Chegou a haver discussões sobre o estabelecimento de um escritório formal da 'Família' na embaixada brasileira nos Estados Unidos, o que eles achavam que ajudaria a imagem do movimento", disse Sharlet na entrevista. "Eu sei que há relações entre a 'Família' e o Brasil até hoje, mas não posso entrar em detalhes porque não investiguei aprofundadamente", completou à época.
Sharlet argumentou ainda ter encontrado registros dessas relações, ocorrida nos anos 1960 e 70. "Na época dos governos de Costa e Silva e Médici, os EUA ajudavam financeiramente os militares que estavam no poder no Brasil, e a 'Família' era o principal intermediário desses acordos." Segundo ele, os fundamentalistas se aproximaram dos militares, já que achavam que o modelo proposto pelos ditadores do Brasil se aproximava do que eles queriam incorporar.
Segundo Sharlet, há registro de que um líder da "irmandade" teria agradecido ao saber que a Câmara dos Deputados do Brasil havia estabelecido uma sala permanente para encontros de brasileiros afiliados ao grupo fundamentalista dos EUA. Um dos norte-americanos teria alegado que o Brasil seria a base de operações da "Família" em toda a América Latina.
Apesar de formado especialmente por fundamentalistas cristãos protestantes, o grupo, segundo Sharlet, não assumia abertamente o tom religioso, se dizendo formado por "believers" (crentes). "Foi um momento em que viram que havia lideranças no mundo com quem valia manter relações independentemente da religião, já que havia um acordo em torno da influência norte-americana, no livre mercado e fundamentalismo."
No livro "The Family: The Secret Fundamentalism at the Heart of American Power" (A Família: O fundamentalismo secreto no coração do poder norte-americano), Sharlet descreve o funcionamento e a estrutura deste grupo e analisa a presença do fundamentalismo e da direita cristã na política dos Estados Unidos.
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