Em meio a tensões, Mourão defende Bolsonaro em entrevista a jornal francês
Em meio a tensões e ruídos internos no governo de Jair Bolsonaro, o vice-presidente, Hamilton Mourão, concedeu uma entrevista ao jornal francês Le Monde. Mourão defendeu o presidente e "confirmou sua adesão de 100% ao líder da extrema direita brasileira", diz a publicação.
O jornal explica que Mourão passou a ser visto por apoiadores mais radicais do presidente e pelo filho de Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro, como um "potencial traidor", enquanto observadores o veem como um contraponto ao radicalismo no Planalto. A publicação indica, entretanto, que o vice tentou minimizar o seu papel dentro do governo e recusou se colocar como uma alternativa, caso o presidente fosse destituído.
"Eu não tenho um papel importante. Eu sou um auxiliar. Eu não sou nem um agente moderador nem intérprete do presidente", disse.
Mourão argumentou que os problemas registrados pelo governo em seus primeiros cem dias são resultado de um período de aclimatação do presidente. Ele também ressaltou que Bolsonaro chegou ao poder com a saúde debilitada após sofrer um atentado a faca durante a campanha.
"A situação não é tão negativa", disse. "Essas questões ligadas ao Twitter, a seus filhos, são questões menos importantes."
"Em linha com o presidente, Hamilton Mourão também refutou a ideia de que o chefe de Estado é racista, misógino e homofóbico –um fato, no entanto, para seus opositores. 'As pessoas fizeram de Bolsonaro um estereótipo que não corresponde à realidade', minimiza. 'Em certos momentos de sua vida, quando era parlamentar, Bolsonaro expressou opiniões sobre questões controversas relacionadas aos descendentes de escravos, e havia, digamos, discussões com deputadas mulheres e gays, mas isso não quer dizer que ele seja misógino ou homofóbico"', relata o jornal. "Até aqui, nenhuma das suas ações têm preconceito contra minorias", complementou.
Segundo o Monde, o principal alinhamento entre o presidente e o vice aparece quando tratam do período da ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985.
"Assim como Bolsonaro, o vice-presidente se recusa a usar o termo ditadura para evocar o regime que se seguiu ao golpe de 1964 e prefere falar em 'presidências militares'. 'Erros foram cometidos', ele admite. Mas também 'grandes sucessos"', diz o Monde.
Segundo o jornal, o vice também alegou que a ditadura deixou "poucos mortos". "Segundo o relatório da comissão da verdade, há 434 assassinatos ou desaparecimentos políticos e milhares de indígenas dizimados durante a ditadura militar, também marcada por tortura, censura e prisão arbitrária", ressalta a publicação francesa.
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