Imprensa estrangeira vê 'explosão' musical e crise em cinema e TV do Brasil
A imagem internacional da cultura brasileira vive um paradoxo em sua exposição na mídia estrangeira. Enquanto por um lado a música brasileira tem ganhado um novo destaque, com uma 'explosão' do mercado nacional, o cinema do país vive uma crise e se vê sob forte ameaça de cortes de gastos.
Duas reportagens publicadas recentemente em veículos culturais dos EUA evidenciam fortemente isso. Enquanto a clássica revista musical Billboard publicou um texto sobre o "novo boom" da música brasileira, a Variety, uma das principais referências no cinema hollywoodiano, trata da possível paralisação da indústria de cinema e TV do Brasil.
A cultura brasileira é uma das principais representações internacionais do país. Sempre que se fala sobre a imagem do Brasil no exterior, ou sobre o soft power do país, são frequentes as referências à música brasileira (desde a bossa nova até a MPB e mesmo o rock) e ao cinema (desde o cinema novo até obras mais recentes como "Cidade de Deus", "Tropa de Elite" e "Aquarius"), além da produção da TV, grande exportadora de novelas e séries.
A música brasileira vai bem, segundo a Billboard. "Após uma década de quedas nas vendas e aumento da pirataria, a indústria musical do país onde a bossa nova e a Tropicália nasceram está ganhando vida novamente", diz a reportagem.
Segundo o texto, o Brasil voltou a subir no ranking de maiores mercados musicais do mundo graças aos serviços de streaming, que "revitalizaram a indústria musical". O Brasil se consolidou como um modelo global para este crescimento de mercado musical baseado no streaming, segundo a Billboard.
Esta retomada da música brasileira não é baseada exatamente em qualidade musical, entretanto, mas no consumo de massa. Tanto que no lugar dos estilos que ajudaram a consagrar a imagem internacional da música brasileira, quem alavanca de fato o mercado é o sertanejo e o funk.
"Enquanto Anitta é a melhor exportação musical do país, mais da metade das dez músicas mais ouvidas no Brasil em 2018 foram sertanejo", explica.
Enquanto o mercado da música cresce, o Brasil vê sua indústria de cinema e TV ameaçados por cortes em incentivos do governo –o que tem um contexto político marcado por tensões.
"A agência brasileira Ancine, a principal fonte de financiamento público do cinema do país, congelou todos os seus programas de incentivo potencialmente paralisando novas produções da maior indústria de cinema e TV da América Latina", explica a revista Variety.
Segundo a publicação, a decisão "dramática" deixou a indústria cinematográfica do país em choque e muito preocupada com o futuro.
"O congelamento de incentivos apareceu em um contexto de animosidade não disfarçada entre a indústria de cinema e TV e grandes parcelas do governo Bolsonaro, que vê a indústria de entretenimento brasileira como um ralo de orçamento do governo", diz a reportagem.
Segundo a revista, a tensão entre o governo e os produtores de cinema e TV deve gerar fortes debates e protestos ao longo das próximas semanas, com possíveis manifestações durante apresentações brasileiras em grandes eventos internacionais, como o festival de Cannes.
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