Imprensa estrangeira relata clima de pânico e desafio a Bolsonaro no Ceará
A onda de violência registrada em Fortaleza e outras cidades do interior cearense já passa de duas semanas e tem chamado atenção no resto do mundo desde o começo. Em reportagens e artigos sobre o caso, a imprensa internacional tem mostrado o caos e o pânico gerado pelos ataques, o que reforça ainda mais a imagem de violência –um dos estereótipos mais fortes quando se pensa sobre o país no exterior. Segundo análises publicadas no exterior, o caso pode ser visto como um desafio ao governo recém-empossado de Jair Bolsonaro.
O Estado vive um clima de pânico, diz o título de uma reportagem publicada pelo jornal britânico The Guardian sobre a onda de ataques. "Caos total", dizia um outro texto do mesmo jornal sobre o mesmo assunto dias antes.
"Onda de atentados expõe como pobreza, falta de políticas para jovens e falhas no sistema penitenciário se juntam para formar uma tempestade perfeita", explica o Guardian.
"Agora, em sua terceira semana, a onda de ataques com bombas e incêndios em pontes, bancos e outras infraestruturas em todo o estado do Ceará não dá sinais de diminuir", diz.
Segundo a publicação britânica, o caso ganha ainda mais relevância por acontecer pouco após a posse de Bolsonaro, que chegou à Presidência após uma campanha marcada pelo discurso contra a criminalidade –que precisa se pensado de forma mais ampla, defende o texto.
Os ataques "são vistos não apenas como um desafio direto ao novo presidente, mas também como uma evidência gritante de que o Brasil precisa urgentemente de reforma penal e alternativas às políticas duras que ele promete."
A relação dos ataques com política foi evidenciada também por uma reportagem da rede Al Jazeera. A violência seria uma retaliação contra a postura de Bolsonaro contra o crime organizado, diz, citando a polícia do Estado.
De acordo com uma análise publicada pelo site especializado em temas de segurança pública InSight Crime, a onda de ataques abrem um precedente perigoso para como quadrilhas vão responder a ações do governo contra o crime organizado.
"A velocidade e a disseminação da violência em todo o Ceará mostram o tamanho do poder dos líderes de quadrilhas do Brasil mantêm mesmo atrás das grades", explica. "A aliança entre gangues é uma causa particular de preocupação", complementa, argumentando que elas se podem se unir para enfrentar as forças do governo.
"Enquanto os tumultos cearenses começaram em resposta a uma política local, essa situação agora é vista como um teste real da capacidade de Bolsonaro de agir duramente. Sua retórica na campanha e desde que assumiu o governo tem sido forte, mas sem detalhes, prometendo dar à polícia uma licença para matar criminosos ou facilitar a posse de armas por brasileiros. (…) No entanto, tal reação coordenada pelas gangues mais perigosas do país na primeira semana da presidência de Bolsonaro pode significar tempos difíceis pela frente para ele. E para o Brasil."
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