Brasil impulsiona retorno do populismo na América Latina, segundo estudo
A eleição de Jair Bolsonaro demonstrou que o Brasil ainda tem grande capacidade de participação popular em processos democráticos, mas fez com que o país tenha passado a impulsionar uma onda de retorno do populismo na América Latina, segundo a avaliação do mais recente Democracy Index, estudo da Economist Intelligence Unit, consultoria ligada à revista "The Economist".
O nível de democracia no Brasil aumentou em 2018, segundo o estudo, mas o país continua classificado como uma "democracia falha" e perdeu uma posição no ranking produzido desde 2006.
O Brasil caiu da 49ª para a 50ª posição, mas a nota do país subiu para 6,97, sobre 6,86 na avaliação de 0 a 10 do Index do ano anterior –a perda de uma posição no ranking se deve mais à movimentação de outros países, que podem ter apresentado melhora maior em suas notas.
O país registrou melhora em sua avaliação após três anos de queda em sua nota. Um ano atrás ele havia perdido 0,04 ponto desde a avaliação do ano anterior. Ainda assim, ele se mantém agora abaixo da nota 7, o que faz desde 2015. Em 2014 o Brasil recebeu nota 7,38, melhor avaliação em mais de uma década.
O ranking mais recente atribui a melhora brasileira em parte ao crescimento da participação política da população durante o processo eleitoral.
Ainda assim, o Brasil teve grande destaque em um capítulo do relatório que fala sobre "O retorno do populismo na América Latina": "Eleições no México e no Brasil em 2018 mostraram que, na América Latina, rumores de morte do populismo foram muito exagerados. Nos dois países, os eleitores –repugnados pela corrupção, violência e altos níveis da pobreza e da desigualdade– viraram-se para populistas para 'deter a podridão'", diz o trabalho.
Segundo o Democracy Index, embora tenham ideologias diferentes, Bolsonaro e o novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, compartilham semelhanças em sua ascensão ao poder e na ameaça que representam para a democracia de seus países. A consultoria, entretanto, diz que Obrador pode ter impacto maior sobre a democracia do que Bolsonaro, "para o bem e para o mal", já que ele tem apoio parlamentar em seu país.
O Democracy Index é um panorama do estado da democracia em todo o mundo, avaliando a situação em 165 estados independentes e dois territórios. Ele leva em consideração cinco categorias: Processo Eleitoral e Pluralismo, Liberdades Civis, Funcionamento do Governo, Participação Política e Cultura Política. Cada país recebe uma nota por item, para em seguida ser categorizado como "Democracia Completa", "Democracia com Falhas", "Regime Híbrido" ou "Regime Autoritário".
O relatório de 2018 tem o título "Eu Também?: Participação política, protesto e democracia", em referência ao movimento #MeToo, contra assédio e agressão sexual. "A desilusão com os partidos políticos tradicionais e sua capacidade de abordar claramente seus pontos fracos na prática da democracia tem alimentado de forma mais ampla o apoio aos valores democráticos, à crença de que os sistemas democráticos garantem maior prosperidade econômica e segurança", diz o relatório.
Reportagem da Folha destaca que o Índice da Democracia também aponta que, pela primeira vez em anos, houve aumento da participação das mulheres na política, com leis discriminatórias e "obstáculos socioeconômicos" sendo derrubados em vários lugares. Entre os principais avanços nesse quesito, destaca o estudo, está o número recorde de mulheres eleitas para o Congresso dos EUA em 2018.
A Noruega continua em 1º lugar no ranking, sendo considerada uma "democracia completa", seguida por Islândia (2º), Suécia (3º), Nova Zelândia (4º), Dinamarca (5º), Canadá (6º), Irlanda (7º), Finlândia (8º), Austrália (9º) e Suíça (10º).
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