Caso João de Deus é visto no exterior como versão local do movimento #MeToo
A investigação sobre as acusações de abuso sexual do médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, ganhou grande repercussão internacional. Ao longo das últimas semanas o caso se tornou notícia de destaque nos principais veículos da imprensa estrangeira, e vem sendo tratado como uma versão brasileira do movimento #MeToo, que desde o ano passado levou a centenas de denúncias de assédio e abuso sexual em vários países, mas que havia tido pouca força na América Latina até agora.
"João de Deus atendeu os presidentes brasileiros Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, pop stars e celebridades. Mas em entrevistas na televisão quatro mulheres o acusaram de abuso sexual –e então as comportas se abriram: os promotores já receberam mais de 200 reclamações semelhantes", dizia uma reportagem do jornal britânico The Guardian sobre o caso, no meio da semana passada.
"Na sexta-feira à noite, promotores públicos do estado de Goiás haviam recebido 335 denúncias desde que as primeiras acusações contra ele se tornaram públicas. Mulheres, adolescentes e até crianças –incluindo sua própria filha– estão entre as supostas vítimas do médium. As acusações representam a primeira vez que uma conhecida figura pública masculina enfrenta investigações no Brasil por acusações de abuso sexual desde o início da era #MeToo. Ex-pacientes de todo o Brasil, bem como dos EUA, Alemanha e Austrália entraram em contato com as autoridades", complementa a agência de economia Bloomberg.
O jornal americano The New York Times ressalta de milhares de brasileiros e estrangeiros viajavam até a pequena cidade de Abadiânia após ouvir relatos sobre o curador milagroso, mas que mais recentemente o médium foi acusado de ser um abusador sexual em série, que atacava pacientes vulneráveis durante consultas que deveriam tratar da cura desses pacientes.
"Seus relatos derrubaram a imagem de Faria, cuja fama mundial explodiu depois que Oprah Winfrey divulgou um perfil dele em 2010 e depois o entrevistou durante uma visita a seu centro em 2012. Enquanto os promotores analisam uma pilha crescente de declarações de vítimas, Faria parece se tornar o primeiro grande alvo brasileira do movimento #MeToo, que até agora reverberou relativamente pouco no maior país da América Latina", diz o Times.
João de Deus é suspeito de ter abusado sexualmente de mulheres durante os atendimentos espirituais que realizava na cidade de Abadiânia (GO). Ele nega as acusações. Até a tarde deste domingo (16), João de Deus é considerado foragido depois de não se apresentar à Justiça. Seu nome deve ser incluído na lista de procurados da Interpol. Com isso, ele poderá ser preso por qualquer autoridade policial brasileira ou estrangeira, caso saia do país.
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