Imprensa internacional vê Brasil 'à beira do autoritarismo' no 2º turno
As primeiras avaliações estrangeiras a respeito do resultado do primeiro turno da eleição no Brasil veem o país se aproximar do autoritarismo com a ampla vantagem conquistada por Jair Bolsonaro no domingo. O tom da maioria dos textos publicados na imprensa internacional nesta semana é de que o candidato do PSL representa um risco para a democracia do país.
"Os militares voltam à política brasileira", diz o título de uma análise publicada na revista de política internacional "Foreign Policy".
Apesar das posições radicais e controversas de Bolsonaro, diz a publicação, "mais preocupante é que os poderosos militares do Brasil também estão apoiando Bolsonaro. Para os líderes militares, parece ser uma questão de lei e ordem", explica.
"Em uma presidência de Bolsonaro, as interferências [do exército] podem ser ainda mais frequentes", diz. "Uma vitória de Bolsonaro seria um grande passo rumo ao autoritarismo", finaliza.
O tom é bem parecido com o do título de artigo publicado pela revista "The New Republic": "O Brasil está à beira do autoritarismo".
"Muitos dos apoiadores de Bolsonaro minimizaram as declarações mais radicais dele como falas sem seriedade. Ainda assim, há motivos para preocupação de que a retórica violenta de Bolsonaro não vai ficar apenas no nível do discurso", diz.
Segundo a publicação, Bolsonaro teria grande apoio de um Congresso muito conservador eleito nestas eleições.
Este é o foco da análise publicada pelo jornal britânico "The Guardian", que cita uma "onda conservadora" de aliados de Bolsonaro. "Por todo o país, aliados conservadores de Bolsonaro e seu pequeno PSL ganharam mais votos do que se esperava. (…). Quatro anos atrás o PSL tinha apenas um deputado eleito. No domingo ele se tornou o segundo maior partido na Câmara."
O "Guardian" também publicou um artigo de opinião de Jeffrey Rubin, professor da Universidade de Boston, que também aborda o que vê como riscos à democracia brasileira.
Segundo a revista "Time", o Brasil acordou nesta semana após a eleição vendo a democracia em risco. Bolsonaro, explica a publicação, "tem uma postura autoritária que é muito perigosa".
Em uma análise do futuro político do Brasil, a agência de análise de risco e geopolítica Stratfor indica que a eleição mostrou o quanto o país está dividido. Segundo a avaliação, quem quer que vença a eleição vai enfrentar grandes protestos pelo país.
A única publicação que tem um tom um pouco mais favorável à candidatura de Bolsonaro é o "Wall Street Journal", que publicou um editorial alegando que a candidatura dele trata de "drenar o pântano", expressão usada por Trump em 2016 como crítica ao sistema político.
Segundo o jornal de economia, apesar de ser um populista e de ser visto por muitos como ameaça à democracia, o plano de Bolsonaro não fala em mexer na Constituição. Para o "WSJ" o apoio à candidatura dele é um reflexo da situação do Brasil. "Depois de tanto tumulto político e corrupção, não é de surpreender que os brasileiros estejam respondendo a um candidato que promete algo melhor", diz. "Talvez eles saibam mais do que as críticas do mundo."
Desde antes do primeiro turno, a cobertura feita pela imprensa e as avaliações de analistas estrangeiros têm sido quase unânimes em sua condenação à candidatura de Bolsonaro. A "Economist" indicou que ele seria um presidente desastroso, enquanto o "Guardian" já havia indicado que ele seria "pior do que Trump. Com o resultado do primeiro turno, o tom se mantém de críticas ao avanço do que é visto de fora como uma ameaça às instituições democráticas do país.
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