Na mídia estrangeira, política domina debate sobre fogo no Museu Nacional
O incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio, ganhou ampla atenção no resto do mundo desde o domingo. Nas principais análises publicadas pela imprensa internacional, o fogo se tornou metáfora para o "declínio de uma nação", conforme relata Nelson de Sá, em sua coluna na Folha.
Grandes fotos do prédio do museu em chamas foram estampadas nas capas de importantes publicações em outros países, como o "New York Times" e o "Financial Times". Em comum na abordagem de quem olha de fora para o país, o tom é de que a negligência do Brasil levou à destruição do importante patrimônio — e o descaso da política do país domina o debate.
"Os brasileiros têm boas razões para ficar com raiva. Não contente em comprometer o futuro da metrópole brasileira com projetos desastrosos, com a pilhagem dos cofres públicos e com a permissão de crimes mortais, parece que a classe política do país se superou e deixou um pedaço de seu passado virar fumaça", criticou o colunista Mac Margolis em texto publicado no site de opinião da agência de economia Bloomberg.
Segundo Margolis, entretanto, as disputas partidárias em torno do incêndio tiram o foco do debate sobre o futuro do país, e apenas amplia as divisões políticas que já estão inflamadas por conta do período eleitoral.
"Sem dúvida, há muita culpa por aí. E, no entanto, nem as misérias do museu nem as advertências sobre os perigos da negligência eram novidade. A condição precária do palácio de 200 anos tem sido um tema de tendência desde pelo menos 1958. O que parece claro é que, a menos que os brasileiros abandonem as divisões partidárias, muito mais do patrimônio nacional certamente estará em risco", escreveu.
Apesar do foco político, as perdas para a pesquisa científica também ganharam atenção no resto do mundo. Uma análise publicada no site do instituto Smithsonian, de administra mais de uma dezena de museus nos EUA, diz que o incêndio é um golpe devastador para a herança cultural da América do Sul.
Segundo o texto, após o incêndio, várias instituições e grupos no Brasil e fora se mobilizaram para tentar ajudar o museu, mas pode ser tarde demais. Muito do caos gerado pelo incêndio é "irreversível", diz.
O jornal americano "The Washington Post" chamou o incêndio no museu brasileiro de "tragédia global", e atacou a falta de capacidade de cuidado com o acervo. "Numa época em que grandes museus europeus podem montar satélites luxuosamente financiados em outros continentes, as desgraças do Museu Nacional lembram que muitos outros países abrigam tesouros igualmente maravilhosos, mas carecem de recursos para salvaguardá-los –e para ajudar suas populações a apreciar sua importância."
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