Temer está arruinando o Brasil, segundo intelectuais e políticos britânicos

O presidente Michel Temer lidera um governo ilegítimo que está arruinando o Brasil, diz uma carta assinada por políticos e intelectuais do Reino Unido publicada no jornal britânico "The Guardian".

"Apesar de não ter mandato, o governo reverteu programas sociais que tiraram 40 milhões de pessoas da pobreza. Suas políticas mergulharam a economia em uma crise mais profunda, afetando serviços públicos e o padrão de vida de milhões", diz o texto.

A carta é assinada por 25 pensadores, políticos e artistas, incluindo nomes como o parlamentar trabalhista Chris Williamson, a jornalista Sue Branford, o escritor de origem paquistanesa Tariq Ali e o ex-prefeito de Londres Ken Livingstone.

Segundo o grupo, não é surpreendente que Temer tenha uma popularidade tão baixa no Brasil, e é preciso resistir aos ataques à democracia e ao progresso social. O texto ainda critica o que chama de "perseguição contínua" ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o aumento da violência e da repressão a movimentos sociais no país.

O "Guardian" tem sido uma plataforma frequente para o posicionamento de políticos e intelectuais britânicos a respeito da política brasileira –na maioria das vezes com uma tendência mais à esquerda.

Em junho deste ano, um grupo de professores e acadêmicos de universidades do Reino Unido publicou uma carta no jornal protestando contra a manutenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão. Segundo eles, Lula é um preso político, e a decisão de mantê-lo assim é uma forma de evitar que ele seja candidato a presidente.

A "perseguição" a Lula e a crítica ao que era visto como "golpismo" contra Dilma Rousseff já haviam aparecido em cartas de acadêmicos no "Guardian" nos anos anteriores. Em Janeiro de 2017, um grupo de mais de 20 políticos, intelectuais e ativistas britânicos declararam solidariedade ao ex-presidente Lula e criticaram o que chamam de "julgamento midiático" do líder do PT.

Em agosto do ano passado, um ano depois do impeachment, uma outra carta redigida por políticos, acadêmicos e intelectuais britânicos no jornal atacou o governo "ilegítimo" de Temer e defendeu que os cidadãos brasileiros mereciam novas eleições imediatamente.

O jornal também foi usado como plataforma pelo Ministério de Relações Exteriores do Brasil para defender o governo. Na época do impeachment, por exemplo, o embaixador brasileiro em Londres publicou uma carta no jornal reagindo à acusação de parlamentares britânicos de que o processo contra Dilma seria um insulto à democracia. Segundo o embaixador, a democracia brasileira estava "viva e bem".

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