Associação de brasilianistas superou momento de confusão, diz historiador
Dois anos depois de ser tomada pela discussão em torno de controvérsias pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff e de ver a polarização dividir muitos dos seus membros, a Brazilian Studies Association (Brasa), entidade que reúne cerca de 700 pesquisadores em universidades internacionais voltados a pesquisas relacionadas ao Brasil, "superou a confusão".
A avaliação é do historiador Bryan McCann, que foi presidente da associação até o mês passado, e que concedeu a entrevista por telefone, dos Estados Unidos, para onde tinha acabado de voltar depois de passar um período no Brasil participando da Conferência da Brasa.
Segundo ele, o evento com pesquisadores estrangeiros, no Rio, serviu para mostrar que o grupo é plural e aceita pontos de vista divergentes sobre política. "A Brasa não tem nenhuma posição partidária. Não tem uma posição sobre as eleições, senão defender a democracia", disse.
A avaliação é importante porque McCann se tornou presidente da Brasa em 2016 em meio a um momento turbulento para os brasilianistas. Um posicionamento político da Brasa sobre o impeachment gerou dissidência interna e uma disputa sobre os procedimentos da entidade, e seu antecessor, o cientista político Anthony Pereira, professor do King's College de Londres, renunciou a seu cargo no Comitê Executivo da Brasa e solicitou sua desfiliação da entidade.
Apesar da tensão causada pelo posicionamento da Brasa, McCann sempre discordou da ideia de uma cisão entre os brasilianistas. Em entrevista concedida em 2016 ele já havia minimizado o racha da associação e explicado que houve uma confusão com os procedimentos internos da associação. Agora isso é passado, diz. "A Brasa superou o momento de confusão, de incerteza, e agora a associação está forte e plural. Abrange todas as perspectivas possíveis."
McCann é Professor de História Brasileira na Georgetown University. Ele é autor de livros como "The Throes of Democracy: Brazil since 1989", em que trata das oscilações da política brasileira nas últimas décadas.
Na entrevista concedida neste mês para tratar da eleição presidencial no Brasil, publicada neste domingo (26) na Folha, ele disse achar que o Brasil vive um momento "angustiante" por conta da ascensão de um movimento –representado pelo candidato Jair Bolsonaro– que não é favorável à democracia.
Segundo ele, entretanto, a opinião é pessoal, e a associação não tem uma posição sobre as eleições presidenciais no país, senão defender a democracia. "Aí, sim, claro que a Brasa defende a democracia. Em termos políticos, o que a Brasa deve fazer é defender o direito de livre debate e investigação acadêmica, para fortalecer os laços entre o mundo acadêmico brasileiro e americano."
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