Para mídia estrangeira, decisão do STF vai aumentar polarização no Brasil
Em um ambiente de tensão no país, a decisão sobre o futuro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Supremo Tribunal Federal tem o potencial de aumentar ainda mais a amarga polarização que já domina a política brasileira. Na avaliação de jornais internacionais, a divisão do país deve crescer independentemente do resultado do julgamento.
"Se lula for preso, seus apoiadores vão reclamar de perseguição política; se ele não for preso, seus opositores vão alegar corrupção", diz reportagem do jornal britânico "The Guardian".
O jornal explica que o destino do ex-presidente vai ser decidido enquanto o Supremo se prepara para proferir uma decisão que poderia levá-lo a ser preso antes das eleições de outubro, nas quais ele é atualmente o favorito.
Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em segunda instância. O STF retoma na tarde desta quarta (4) a análise do habeas corpus preventivo pedido pela defesa do ex-presidente Lula para evitar sua prisão.
"Apesar dos seus problemas com a Justiça, Lula continua sendo um político popular", diz, diz uma reportagem publicada pela rede alemão Deutsche Welle em seu site em inglês.
A "DW" relata sobre protestos a respeito do julgamento, contra e a favor de Lula, e destaca a mensagem "enigmática" e rara do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que disse repudiar "a impunidade".
Segundo a rede de TV venezuelana Telesur, ligada o governo e tradicionalmente favorável ao ex-presidente, a declaração de Villas Bôas é uma ameaça de golpe de Estado, caso Lula não seja preso.
A decisão do STF ganhou destaque também no jornal francês "Le Monde", que avalia a importância do posicionamento de Rosa Weber no julgamento desta quarta (4).
A publicação ressalta que o julgamento não vai ser relevante apenas para Lula, mas terá consequência para milhares de outros condenados por corrupção.
"O passado e o presente do Brasil pesarão sobre os ombros da magistrada. Sua decisão pode ter consequências para os milhares de políticos com problemas com a Justiça e para o futuro da operação "Lava Jato" no combate à corrupção: conceder habeas corpus a Lula significaria invalidar uma lei de 2016 que decreta a execução de sentenças de prisão após o julgamento em segunda instância e antes do esgotamento de todos os recursos", explica.
O "Guardian" indica ainda que mesmo que o STF decida contra Lula, isso pode não significar o fim da disputa jurídica em torno do ex-presidente. O jornal aponta ainda à situação de outros casos de políticos presos no país para avaliar o futuro do ex-presidente.
"Se for preso, é improvável que Lula, agora com 72 anos, cumpra uma sentença longa", diz, aludindo à recente decisão que favoreceu Paulo Maluf com direito a prisão domiciliar.
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