Intervenção no Rio normaliza o autoritarismo no Brasil, dizem pesquisadores
A intervenção federal no Rio de Janeiro ameaça a democracia brasileira, segundo os pesquisadores Nicholas Barnes e Stephanie Savell, do Watson Institute for International and Public Affairs da Universidade Brown, nos EUA.
A avaliação faz parte de um artigo escrito pelos dois para o "US News & World Report", em que eles analisam a situação que é chamada de "vida em uma zona de guerra".
Segundo eles, a medida do presidente Michel Temer é "míope e cínica", parte de argumentos reacionários, dificilmente vai dar resultados e ainda abre um precedente perigoso para a democracia.
"O policiamento liderado pelos militares fornecerá pouca ou nenhuma solução real para a violência relacionada com o crime do Rio. O que ele fará, em vez disso, é capacitar os militares para assumir um maior controle da vida civil e normalizar o autoritarismo em uma suposta democracia. Esta é uma abertura traiçoeira para um Exército muito pronto para assumir maior autoridade, num país cuja liderança atual tem escassa legitimidade pública."
Barnes faz pós-doutorado na universidade americana, e realizou estudos etnográficos com militares no Complexo da Maré em 2014, enquanto Savell é codiretora do Projeto Custos de Guerra e estuda relações civis e de segurança entre os EUA e o Brasil, além de realizar pesquisas em favelas do Rio desde 2009.
A avaliação deles se alinha ao artigo escrito pelo pesquisador alemão Chritoph Harig neste blog Brasilianismo, em que ele disse que a intervenção legitima a militarização como solução para problemas sociais do Brasil.
Os pesquisadores fazem referência aos problemas políticos do Brasil nos últimos anos, e indicam que a entrada dos militares no cenário pode criar problemas para o país. Além disso, argumentam, a probabilidade de os militares resolverem o problema é pequena, já que não é a primeira vez que eles atuam no Rio.
"O Exército brasileiro se orgulha de estar sempre pronto para entrar em cena e salvar a nação, vendo-se como um bastião de responsabilidade e ética em meio ao caos, corrupção e criminalidade. Ainda hoje, há muitos dentro dos militares que veem a ditadura como tendo sido uma medida necessária para resgatar o Brasil da liderança política incompetente. Por isso, não é muito difícil entender esta ação militar como um alerta sobre a democracia brasileira. Pode-se imaginar que os militares continuam na mesma direção, aproveitando a turbulência política de hoje para considerar o governo civil indigno de governar completamente."
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