Imprensa estrangeira cita sombra da ditadura e manobra de Temer no Rio
A cobertura da imprensa estrangeira a respeito da decisão do presidente Michel Temer de decretar intervenção na Segurança Pública do Rio de Janeiro evoca sombras do regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. A ditadura foi citada em praticamente todas as primeiras reportagens que trataram do tema na mídia internacional.
A reação inicial a respeito do decreto de Temer em outros países é mais relatorial, com poucas análises e pouco aprofundamento sobre o que isso representa para o país e para a democracia. O jornal britânico "The Guardian" cita insatisfação nas favelas e possíveis benefícios políticos para Temer, enquanto a agências de notícias falam sobre a pressão dos mercados pela aprovação de reformas no Brasil, o que deve ser deixado de lado temporariamente. Além disso, lembranças das sombras da ditadura ganharam destaque em quase todos os veículos.
"O Brasil voltou a ser uma democracia em 1985, depois de 21 anos de ditadura militar, e a intervenção continua sendo um tema sensível no país", explica uma reportagem da agência de economia Bloomberg.
O "Guardian" ressalta que esta é a primeira vez que uma intervenção assim acontece desde 1988, quando uma nova Constituição deu fim à ditadura.
"Intervenção militar é um assunto pesado para muitos brasileiros, apesar de muitos na extrema direita cada vez mais apoiarem a volta de um governo militar", diz o jornal inglês.
A agência Associated Press também lembrou o regime militar. "A decisão é significativa em termos simbólicos e práticos, para a maior nação da América Latina, onde muitos ainda lembram da brutal ditadura militar que governou entre 1964 e 1985", diz a reportagem.
Além da ditadura, outro ponto frequente é a ideia de que Temer pode estar usando a medida para ganhar força politicamente.
"Muitos viram a decisão como uma forma de desviar a atenção dos problemas políticos" do governo, dia a AP.
"Há benefícios políticos para o presidente Temer, que apostou o sucesso do seu governo em medidas de austeridade para controlar o déficit brasileiro", diz o "Guardian".
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