Política dá tom mais sério à 'terapia' da festa símbolo do Brasil no mundo
Um dos maiores símbolos do Brasil no resto do mundo, o carnaval reforçou aos olhos estrangeiros em 2018 o quanto a política está afetando a vida no país.
Na cobertura internacional feita sobre a festa deste ano, a abordagem sobre temas sérios mudou o tom antes ligado apenas à sensualidade e à fuga da realidade, para criar uma imagem mais séria. Se por um lado o impacto da crise afeta até a maior celebração nacional, por outro também fica evidente que os brasileiros conseguem brincar com tudo, até com suas dificuldades –o que não foge tanto da imagem tradicional do país.
No centro das análises internacionais sobre o carnaval deste ano estão as escolas de samba do Rio de Janeiro e suas críticas à corrupção e ao governo de Michel Temer. Quase todos os grandes veículos da imprensa internacional destacaram os desfiles da Beija Flor e da Paraíso do Tuiuti. Por todo o mundo, a imagem do "presidente Michel Temer como Drácula" ajudou a reforçar o tom político dado à festa.
"O carnaval do Rio reencontra sua verve política", disse o título de uma reportagem do jornal francês "Le Monde". "Desfile de escolas de samba retratam o Brasil problemático como 'monstro"', publicou o britânico "The Guardian". Rio faz "carnaval contra o establishment", reforçou o alemão "RP".
A abordagem mais séria sobre a festa brasileira não ficou só nos desfiles do Rio, entretanto. Antes mesmo do início do carnaval, discussões sobre a luta contra o assédio e a defesa dos direitos das mulheres deram o tom da maior parte da cobertura.
Também foi muito perceptível o quanto foi reduzida no exterior a abordagem estereotipada e sexualizada do carnaval brasileiro. Poucos foram os veículos relevantes da imprensa internacional a explorar as imagens do carnaval de forma clichê em torno da sensualidade das mulheres. Este olhar mais sério e respeitoso a respeito do carnaval no Brasil também diz muito sobre os veículos da imprensa internacional. Em um momento de grande debate global sobre respeito às mulheres, poderia parecer fora do tom explorar apenas a questão da sensualidade do carnaval.
Além de ser uma festa de tom mais político, o carnaval também serviu para dar um alívio aos brasileiros no meio da sua longa crise, segundo uma outra reportagem do "Guardian".
"Mais do que nunca, os brasileiros estão buscando se consolar no carnaval: um feriado hedonista de cinco dias em que eles se fantasiam, bebem, brincam, dançam, seduzem e são seduzidos", explicou o jornal, comparando a festa a uma "terapia". Se a ideia era "esquecer das dificuldades", entretanto, dessa vez a análise serviu mais para encarar muitos desses problemas do país.
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