Contra clichê, agência retrata carnaval como espaço de luta contra assédio
Antes mesmo do começo de fevereiro, quando começaram as prévias carnavalescas no Brasil, o tabloide britânico "Daily Mail" abriu a cobertura internacional sobre a festa brasileira da forma mais tradicional no resto do mundo: "Começou a festa", dizia a reportagem (cheia de fotos) cujo grande foco era o fato de que as mulheres tinham ido às ruas com os seios à mostra.
Sempre que se aproxima a folia que é um dos maiores símbolos do país no resto do mundo, a imprensa internacional destaca as imagens cheias de estereótipos de sensualidade e ausência de regras do carnaval brasileiro.
Muito já se pesquisou o assunto, e o quanto os próprios brasileiros e a imprensa nacional realimentam essa imagem externa.
Mas no meio da cobertura recheada de clichês há também espaço para novas movimentações sociais relacionadas ao carnaval e à situação das mulheres no Brasil.
O principal exemplo disso neste ano é uma reportagem da agência Associated Press publicada por alguns dos maiores veículos da imprensa internacional, como o "Washington Post". Nela, o carnaval é apresentado como um espaço de luta contra assédio no Brasil.
"O movimento #metoo contra o assédio, que está crescendo nos EUA, ainda não conseguiu conquistar no Brasil, que tem uma das maiores taxas de homicídios do mundo para as mulheres (…). Mas, enquanto os grupos de mulheres dizem que o Brasil tem um longo caminho a percorrer para enfrentar a desigualdade e o machismo arraigados, eles vêem um movimento potencialmente maior no diálogo público sobre o assédio durante o Carnaval e o que as autoridades e várias organizações estão fazendo para reprimir isso", diz a AP.
Segundo a agência, o país atualmente tem vários grupos de mulheres que fazem festas com temáticas feministas.
"Elas incluem bandas só com mulheres e temas problemáticos que reagem aos papéis tradicionais de gênero e até mesmo se divertem com nomes depreciativos. Em uma recente festa de blocos feministas, centenas de mulheres se vestiram de animais que disseram ter sido chamadas nas ruas: vacas, piranhas, galinhas e cobras, entre outros."
Segundo a AP, o movimento precisa ser reforçado ainda por um foco maior na luta contra crimes que afetam mulheres. Ainda assim, aponta avanços. "Mudanças recentes na lei tornaram mais fácil processar os agressores por estupro", diz.
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