Julgamento do ex-presidente Lula atrai pouca atenção no resto do mundo
Enquanto o Brasil acompanha atento e ao vivo a todos os detalhes da discussão na Justiça, o julgamento em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no TRF-4 está recebendo relativamente pouca atenção internacional.
Apesar de ter sido tema de reportagens e artigos nos principais jornais do mundo nos últimos dias, o assunto está tendo menos destaque do que outras notícias relacionadas à política brasileira no passado, como o processo de impeachment de Dilma Rousseff, por exemplo, ou mesmo outros momentos relacionados ao julgamento do ex-presidente. Na cobertura do dia do julgamento em segunda instância, Lula mal aparece nas páginas principais de alguns dos mais importantes jornais internacionais, como "Le Monde", "The Guardian" e "New York Times".
O gráfico de tendências mundiais de pesquisas relacionadas ao ex-presidente no Google mostrava ao meio-dia (horário de Londres) uma alta muito leve do interesse por Lula nesta quarta-feira. A atenção não tem qualquer comparação com o que houve na semana de 9 a 15 de julho do ano passado, quando ocorreu a condenação em primeira instância, ou entre 7 e 13 de maio de 2017, quando houve o depoimento do ex-presidente, pico de atenção relacionada a Lula em termos globais.
As buscas por notícias relacionadas a Lula no Google demonstram até mesmo uma baixa em relação à semana anterior.
Além de não demonstrar uma alta de interesse global pelo julgamento em segunda instância, o próprio Brasil puxa as buscas relacionadas a Lula. Portugal, Uruguai, Eslováquia e Argentina são os outros países que aparecem mais interessados no ex-presidente nesta quarta, segundo o Google Trends.
Termos de buscas relacionadas a "Brazil" no mesmo Google mostram até mesmo um decréscimo de interesse nos últimos dias –e a maioria das consultas é relativa a futebol, não a política.
No Twitter, há um efeito semelhante ao que se vê nas tendências do Google. TRF4 e Lula até aparecem como termos mais comentados em todo o mundo no meio do dia, mas a alta é claramente puxada pelo Brasil, onde os assuntos relacionados ao julgamento dominam as atenções.
Há ao menos duas justificativas para o baixo interesse internacional pelo julgamento de Lula. A primeira é o fato de que ainda não há uma notícia real. O julgamento está acontecendo, e quando a sentença for definida é provável que haja mais notícias e interesse internacional sobre o resultado e os impactos dele.
Boa parte da cobertura da imprensa internacional sobre o caso até o momento tenta explicar o julgamento, prever seus efeitos na eleição de outubro, e discutir questões mais jurídicas e burocráticas, o que naturalmente chama menos atenção.
Ainda ligado a essa justificativa há o fato de que muitas das disputas jurídicas em torno da política brasileira têm tido caráter reversível, o que torna o impacto da notícia menor para quem acompanha de longe. Ao explicar que a decisão do TRF-4 é importante, mas não é final, a cobertura da imprensa pode diminuir o impacto do julgamento para quem não acompanha de perto o desenrolar da política brasileira.
A segunda explicação é o aparente cansaço estrangeiro com a crise política do Brasil. Depois de anos de cobertura intensa das notícias sobre escândalos de corrupção, disputas na Justiça, prisões, impeachment e falta de perspectiva para a política brasileira, a atenção do mundo parece perder força. Como diz muito da cobertura estrangeira sobre o Brasil, a política brasileira está sendo vista como disfuncional e sem muita perspectiva de mudança em curto prazo, então as notícias acabam parecendo repetitivas e recebem menos atenção.
Seja qual for o resultado do julgamento de Lula, entretanto, é natural que a notícia acabe crescendo internacionalmente. O grande impacto da discussão fora do país a partir desta semana vai ser como a decisão sobre o ex-presidente vai afetar a próxima eleição presidencial.
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