Brasil cai 37 posições e é 80º em ranking de países que fazem bem ao mundo
O Brasil é um país que contribui cada vez menos para a qualidade de vida no planeta. Segundo o Good Country Index, um estudo internacional criado para calcular as contribuições de cada país para a qualidade de vida em todo o mundo, o Brasil é apenas o 80º lugar, de 163 países avaliados.
Se já não fosse um resultado ruim o suficiente, a avaliação se revela ainda pior em perspectiva histórica, pois o país desabou 37 posições no ranking divulgado nesta segunda-feira (11) em relação ao mesmo índice calculado no ano passado.
A primeira edição do "Índice do Bom País", em 2015, colocava o Brasil como o 49º país que mais contribuía para o mundo. Um ano depois, o Brasil subiu para a 43ª colocação –e voltou a cair à 47ª no começo de 2017, em uma revisão dos dados (mas o índice oficial de 2016 indicava a 43ª posição).
Após esta oscilação de algumas posições, agora o país desabou de forma inimaginável, caindo ao 80º lugar.
O Good Country Index foi criado pelo consultor britânico Simon Anholt, o mesmo que foi responsável pela criação do termo nation branding, usado para avaliar a reputação internacional de países como se fossem marcas, e do ranking de imagens Nation Brands Index.
Após anos de estudos sobre reputação e imagem internacional dos países, Anholt se juntou com outros pesquisadores acadêmicos, como Robert Govers, para medir não apenas a imagem, mas o quanto cada país de fato é "bom" para todo o mundo.
Segundo o site oficial do índice, a ideia de "bom" é uma forma de medir o quanto cada país contribui para o bem comum. "Neste contexto, 'bom' é o oposto de 'egoísta', não o oposto de 'mau"', diz.
O argumento tenta combater a ideia de que há um julgamento moral por trás do ranking, e indica que ele é apenas uma medida da contribuição de cada nação para o mundo.
O Good Country avalia a contribuição de cada nação para além das suas fronteiras, buscando descobrir o país que mais contribui para o bem da humanidade a partir de informações de 35 bancos de dados da ONU. O cálculo leva em consideração ainda o tamanho da economia de cada país, para poder relativizar o resultado.
"Os maiores desafios que a humanidade enfrenta hoje são globais e sem fronteiras: aquecimento global, crises econômicas, terrorismo, tráfico de drogas, escravidão, pandemias, pobreza, desigualdade, crescimento populacional, escassez de água e alimentos, energia, perda de espécies, direitos humanos, migração… A lista continua. Todos esses problemas ultrapassam fronteiras nacionais, então a única forma de serem enfrentados é por esforços internacionais. O problema é que a maioria dos países continua se comportando como se fossem ilhas, focando o desenvolvimento de soluções domésticas para problemas domésticos. Nunca vamos chegar a lugar nenhum a não ser que comecemos a mudar este hábito", diz o texto oficial que explica a criação do GCI.
O índice avalia 163 nações em Ciência e Tecnologia, Cultura, Paz e Segurança, Ordem Global, Ambiente, Prosperidade e Igualdade, Saúde e Bem Estar do Planeta. A ideia não é entender o quanto o país é bom para seus próprios cidadãos, mas o quanto eles são bons para o mundo todo.
A queda de 37 posições no ranking geral reflete a piora na avaliação em cada um dos quesitos avaliados pelo estudo.
O Brasil caiu de 98º para 109º em contribuições para Ciência e Tecnologia. Despencou de 63º para 119º em contribuições para a Cultura –isso por conta especialmente de uma redução em contribuições com a Unesco. O Brasil caiu de 37º para 61º em contribuições para a Paz Internacional e Segurança. Caiu de 42º para 50º em contribuições para a Ordem Global. Caiu de 33º para 53º em contribuições para o Ambiente e o Clima. Deixou a 158ª posição e está em 162º lugar (penúltimo) em contribuições para a Porsperidade e a Igualdade. E caiu de 32º para 40º em contribuições para a Saúde e o Bem Estar do planeta.
A avaliação negativa do Brasil consolida a decadência do país em uma perspectiva global e ressalta uma crítica internacional feita pelo criador do ranking. Segundo Anholt, o GCI indica que o Brasil tem uma imagem internacional melhor do que merece.
Mesmo que o país tenha perdido posições nos índices que medem sua reputação internacional e soft power, e que tenha deixado de aparecer entre os 20 países mais admirados do mundo, o Brasil ainda é o 25º país com melhor imagem, segundo o Nation Brands Index –ranking de reputações criado pelo próprio Anholt anos antes do GCI.
O dado indica que a reputação do Brasil nunca foi tão ruim, mas ainda contrasta muito com a 80ª colocação do Good Country Index.
"O Brasil poderia contribuir muito mais para o mundo, ser mais aberto e ter maior colaboração internacional", disse Anholt, em entrevista ao autor do blog Brasilianismo, no ano passado.
A avaliação reforça ainda outra tese de Anholt, a de que o Brasil é apenas um país decorativo internacionalmente, com boa imagem e atratividade de turismo e festas, mas sem relevância real para a política e economia globais.
O Brasil faz menos pelo bem do planeta do que seus companheiros de BRICS. A Índia é o 67 país do ranking, a China é o 76º e a Rússia é o país mais bem classificado do grupo, em 53º (A África do Sul assumiu o 47º lugar que antes era do Brasil. Enquanto estava entre os 50 mais bem colocados do ranking, nas edições anteriores, o Brasil era o melhor dos países do grupo.
Ao colocar o Brasil na 80ª colocação, a pesquisa indica que o país contribui menos para o mundo do que nações como Egito (73º), México (74º), Uganda (77º), Guatemala (66º) e Quênia (63º). Ainda assim, o Brasil ainda está à frente da Argentina (82º), da Colômbia (87º) e da Bolívia (99º).
Enquanto o Brasil despenca, o GCI indica que os países que mais contribuem para o mundo, segundo o Good Country, são a Holanda, a Suíça, a Dinamarca, a Finlândia e a Alemanha.
No fim da lista, como nações que menos contribuem para o planeta, estão o Afeganistão, a Líbia, o Iraque, o Iêmen e o Chade –do pior para o menos pior.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.