Para João Ubaldo Ribeiro, imagem do Brasil era de exótico e desconhecido
O escritor, jornalista e cronista João Ubaldo Ribeiro achava que os brasileiros se preocupavam demais, e falavam em demasia, sobre a imagem do Brasil no exterior. Tanto que em abril de 1995 publicou em uma coluna no jornal "O Globo" um texto sobre o que chamava de "insegurança" dos seus compatriotas. No fundo, ele explicava, o país era um desconhecido e o brasileiro era visto como exótico.
"Os brasileiros, colonizados, complexados e inseguros, se preocupam muito com a nossa imagem no exterior", dizia.
O escritor se baseava em sua experiência viajando pelo mundo e morando em outros países para avaliar o que se pensava sobre o Brasil no resto do mundo. Segundo ele, não existe propriamente uma imagem do Brasil no exterior.
"De modo geral, ninguém pensa no Brasil ou se preocupa com o Brasil ou mesmo sabe alguma coisa sobre o Brasil", escreveu.
Para João Ubaldo. um americano médio não saberia o que falar sobre o país, caso fosse abordado na rua e questionado sobre isso.
"Um americano comum teria dificuldade em dizer mais do que quatro ou cinco palavras. Coffee, carnival, Pelay, South America, Buenos aires, se tanto. Os mais velhos, Carmem Miranda, the Brazilian bombshell."
Segundo o escritor, a noção mais universal que se mantinha nos anos 1990 sobre o Brasil é que era imensamente atrasado.
Índios, Amazônia e mulheres fáceis também fazia parte do imaginário internacional sobre o país, segundo ele.
Na imagem vista pelos estrangeiros, dizia, "todas as mulheres brasileiras, de qualquer status, condição econômica ou cultural, mostram e dão imediatamente, basta pedir –ou exigir, como já aconteceu com algumas amigas minhas. Está no sangue: pediu, ela dá, não se espera outra coisa de uma brasileira."
O resumo, continuava João Ubaldo, é que o brasileiro era visto como exótico.
"Somos exóticos, enfim. Mas somos exóticos porque queremos, pois, na verdade, exóticos são eles."
Um ponto curioso é que o texto foi escrito às vésperas de uma viagem oficial do então presidente do país, Fernando Henrique Cardoso, aos Estados Unidos. Para o escritor, isso era motivo de alívio, pois ele seria um representante melhor do que o seu adversário nas eleições, Luiz Inácio Lula da Silva.
"Praticamente todos nós, embora hipocritamente o possamos negar– ficamos aliviadíssimos por se tratar de dr. Fernando Henrique, que vai gastar seu inglês e tem pinta de príncipe, e não de Lula, que nem doutor é e ia ser péssimo para a imagem do Brasil no exterior", dizia.
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