Otimista com eleição no Brasil, mercado aposta em candidato que não existe
"Onde está o Macron Brasileiro?", pergunta Martin Wolf, colunista do jornal de economia "Financial Times", em sua coluna mais recente, em referência ao presidente centrista da França, eleito em maio.
"Pergunte à elite financeira de São Paulo quem vai ganhar as próximas eleições para presidente, e eles dizem que será alguém voltado a reformas fiscais e privatização. O único problema? Este candidato ainda precisa aparecer", diz uma reportagem da agência de finanças Bloomberg.
A pouco menos de um ano da escolha do próximo presidente, a falta de um candidato que represente uma proposta política em linha com os interesses do mercado preocupa os analistas de economia estrangeiros.
Segundo Wolf, as crises econômica, política e moral no país podem ser interpretadas como uma grande oportunidade para desenhar o futuro, mas problemas políticos precisam de soluções políticas.
"Quanto a isso, os augúrios para a eleição presidencial de 2018 não são positivos. Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção, lidera as pesquisas, mas pode ser impedido de se candidatar. O segundo colocado nas pesquisas é Jair Bolsonaro, um direitista perto do qual Donald Trump serviria como exemplo de moderação e autocontrole. Nenhum deles seria capaz de promover as reformas de que o Brasil precisa agora, por motivos diferentes. Lula está desacreditado; e Bolsonaro é um populista autoritário. Existem candidatos melhores. Mas o apoio a eles ainda é modesto", diz.
Segundo a Bloomberg, a confiança do mercado em ter um nome a seu favor no governo a partir de 2019 ainda é alta, mas a ausência de um nome claro para isso é motivo de preocupação.
"Se eles estiverem errados, o mercado de ações do Brasil pode entrar em convulsão", diz. "O otimismo deles pode se provar uma previsão ou inocência, mas uma coisa é certa: 2018 vai se um ponto de inflexão na democracia de três décadas no Brasil", complementa.
O risco, segundo o diretor da agência de avaliação de risco Eurasia, citado pela Bloomberg, é exagerar no otimismo. Segundo ele, o risco de uma vitória do populismo na eleição do próximo ano no país é real.
"O que o Brasil precisa agora, dizem os banqueiros, é de um candidato que perceba o quanto a recuperação é frágil e que a atravesse levando adiante reformas iniciadas pelo atual presidente", diz a Bloomberg.
"O Brasil precisa de um renascimento político e econômico. A crise o torna necessário. Caso não aconteça, o futuro parece triste", finaliza Wolf, no "FT".
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