Imagem internacional do Brasil começou a se formar na chegada dos europeus
Algumas das mais fortes características da imagem internacional do Brasil até os dias atuais permanecem ligadas a estereótipos e clichês que se formaram nos resto do mundo logo após a chegada dos europeus ao território do país, entre os séculos 16 e 17.
Uma reportagem do autor deste blog Brasilianismo publicada na "Folha" abordou estudos recentes em universidades europeias que indicam que parte das imagens mais fortes do país no exterior nos dias atuais começou a integrar o repertório do Velho Mundo desde pouco tempo depois da chegada dos portugueses por aqui.
Segundo pesquisadores que estudam alguns dos primeiros relatos a descrever o país, é possível ver desde aquela época a construção da representação do Brasil que se consolidou e que persiste até hoje.
O exotismo e uma visão preconceituosa e superficial do Brasil como uma nação aquém do desenvolvimento alcançado pelo Ocidente, bem como a associação do país a noções como a de sensualidade, são percebidos pelo professor da Universidade de Leiden, na Holanda, Michiel van Groesen, e pela pesquisadora brasileira Vivien Kogut Lessa de Sá, da Universidade de Cambridge. Ambos estudam relatos de europeus sobre o perímetro tropical nos primeiros séculos após a chegada dos portugueses.
O blog Brasilianismo vai publicar, nos próximos dias, a íntegra das entrevistas com os dois pesquisadores, aprofundando ainda mais o tema a abordando de forma mais detalhada esta construção da imagem do país no exterior. A reportagem completa está disponível no site da "Folha".
"Existe uma dicotomia na forma como os europeus veem o Brasil atualmente", explicou Van Groesen, autor do livro recém-lançado "Amsterdam's Atlantic: Print Culture and the Making of Dutch Brazil" (Atlântico de Amsterdã: a cultura impressa e a construção do Brasil holandês, University of Pennsylvania Press). "Eles acreditam ter superado o colonialismo, se acham modernos e ocidentalizados, enquanto o Brasil e o resto da América Latina não lhes parecem bem preparados para o futuro", disse.
"Hoje ainda se salienta a 'proverbial beleza das mulheres brasileiras', a afabilidade e a espontaneidade do povo, um ar singularmente relaxado e as onipresentes belezas naturais. Ao lado disso, há um subtexto de bestialidade, de primitivismo, que inspira encantamento e repulsa ao mesmo tempo", explica a professora Lessa de Sá.
Para ela, destacam-se as ideias batidas da hipersensualidade e da sexualidade, da falta de vergonha, da extroversão alegre, de um certo descontrole, que aparece desde a carta de Pero Vaz de Caminha. "Ficou um estereótipo que se retroalimenta. Nos primeiros relatos, há uma ênfase enorme na sensualidade", diz.
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