Matthew Taylor: Corrupção no Brasil tem custo econômico e afeta democracia
A revelação de que a Odebrecht pagou propinas em mais de uma dezena de países, e sua condenação a pagar multas milionárias são uma vitória inicial da luta do Brasil contra a corrupção, e revela o tamanho dos efeitos dessa prática no país, segundo o pesquisador americano Matthew M. Taylor, professor da American University, em Washington, DC.
Em um artigo publicado no site do think tank Council of Foreign Relations, Taylor avalia que as revelações trazem à tona de forma clara os "efeitos devastadores da corrupção".
Ele divide sua análise em três áreas de impacto da corrupção: economia, políticas públicas e democracia.
Na economia, ele mostra que a empresa tinha um retorno de 360% em seus "investimentos" feitos de forma ilegal, e que o custo disso era jogado sobre competidores e contribuintes brasileiros. "Os custos econômicos indiretos são ainda maiores", diz.
Em termos de políticas públicas, Taylor diz que as revelações mostram que as empresas pagavam a parlamentares para reescreverem leis em seu favor. Esta ação "levou a distorções no funcionamento político, independente de terem ou não contribuído para a recessão", explica.
O pesquisador se debruça ainda sobre os custos da corrupção para a democracia, e alega que todo o sistema político ficou distorcido pelo pagamento de propinas.
Taylor é professor da American University, em Washington, DC. e autor de vários estudos internacionais sobre democracia e corrupção no Brasil, como "Corruption and Democracy in Brazil: The Struggle for Accountability" (Corrupção e democracia no Brasil: a luta por fiscalização), e "Judging Policy: Courts and Policy Reform in Democratic Brazil" (Julgando política: Tribunais e reforma política no Brasil democrático).
Ele acompanha de perto a política brasileira e avalia a situação da democracia brasileira em artigos e textos de opinião publicados pelo Council of Foreign Relations.
Com impactos tão generalizados da corrupção sendo revelados neste fim de 2016, Taylor se diz surpreso com a reação amena dos brasileiros às revelações de corrupção "talvez refletindo a exaustão após dois anos de revelações de corrupção a conta gotas", diz no artigo no CFR.
"É mais provável, entretanto, que a reação calma dos brasileiros apenas reflita o reconhecimento de que apesar de sua escala sem precedentes a revelação seja apenas um passo inicial no sentido de ter mais responsabilização em um longo processo", avalia, indicando que ainda devem surgir informações novas sobre corrupção no país.
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