Mundo vê 'tempestades' em crises do governo e 'encolhimento' de Temer
O noticiário internacional parece ter se virado contra o governo do presidente Michel Temer. Após poucos meses de trégua, com uma cobertura focada nas propostas de reformas e a perspectiva de trabalho pela recuperação da economia brasileira, o clima mudou, e análises publicadas no resto do mundo mostram um governo mergulhado em "tempestades" e um presidente "encolhido" já com seu mandato ameaçado.
Essa "diminuição" da força do novo governo foi percebida pelo professor Matthew M. Taylor, da American University, em Washington, DC. Em um artigo publicado no site do think tank Council of Foreign Relations (CFR), ele explica que Temer assumiu a Presidência com o plano simples e direto de fazer reformas para que a economia brasileira se recuperasse, mas isso acabou não acontecendo.
"O plano parece ter colidido com uma variedade de problemas autoinfligidos que vão forçar Temer, famoso por ser elástico, a fazer escolhas difíceis entre seu partido e o público com raiva", avalia, citando os escândalos que já levaram à queda de seis ministros e o acúmulo de denúncias que tumultuam a política nacional.
"Apesar de algum sucesso inicial (…), a perspectiva para o restante do mandato de Temer é sombria", diz.
Taylor é autor de vários estudos internacionais sobre democracia e corrupção no Brasil, como "Corruption and Democracy in Brazil: The Struggle for Accountability" (Corrupção e democracia no Brasil: a luta por fiscalização), e "Judging Policy: Courts and Policy Reform in Democratic Brazil" (Julgando política: Tribunais e reforma política no Brasil democrático). Ele acompanha de perto a política brasileira e avalia a situação da democracia brasileira em artigos e textos de opinião publicados pelo CFR.
Em entrevistas concedidas ao autor deste blog Brasilianismo, Taylor defendeu a legitimidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff, apesar de criticar os políticos brasileiros. Segundo ele, "grandes segmentos da população brasileira estão fartos do sistema político" do país.
As dificuldades do governo Temer foram destacadas também pela edição mais recente da revista "The Economist". Primeira publicação estrangeira de peso a mudar o tom e cobrir positivamente o governo Temer logo após o impeachment, a revista avalia que "tempestades múltiplas" atingem o presidente e tornam difícil governar.
O tom da cobertura da revista, com a manutenção da defesa das reformas econômicas, condiz com a análise da sua linha editorial, que defende posturas mais liberais nas finanças nacionais e prioriza a economia à política.
"Seus esforços para reformar a economia brasileira estão progredindo, mas seu governo está em um turbilhão", diz, ainda defendendo as propostas de Temer, apesar dos escândalos.
"A probabilidade é de que ele passe o resto da sua Presidência, que acaba no fim de 2018, lutando contra escândalos e brigando por vitórias legislativas, Contanto que os escândalos não previnam as vitórias, o Brasil deve se recuperar lentamente".
A falta de avanço na área econômica é a fonte de grande parte da mudança de tom em relação a Temer na mídia estrangeira. Na semana passada, a divulgação de dados do PIB do país mostrou que a recessão continua e que o país vai se recuperar de forma mais lenta do que o previsto, o que vai contra a expectativa dos mercados, antes otimistas em relação à mudança de governo.
Também na semana passada, o jornal e economia "Financial Times" avaliou a crise brasileira e foi a primeira grande publicação estrangeira a dar atenção séria ao enfraquecimento de Temer, que chega a correr risco até mesmo de impeachment (por mais que a publicação diga que isso é pouco provável).
Apesar de a maior parte da cobertura ainda ser cautelosa em relação ao que pode ocorrer na política brasileira nos próximos meses, fica evidente a mudança de perspectiva, com forte domínio de notícias negativas para o governo do país.
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