'National Interest': Governo dos EUA não entende 'esquizofrenia' do Brasil
Brasil e Estados Unidos compartilham de muitos valores, preocupações e compromissos em relação à ordem internacional, mas os dois países muitas vezes não se alinham em política externa pela incapacidade de compreensão e entendimento entre os dois lados. A avaliação é de um artigo publicado pela revista americana de política "The National Interest".
Segundo a publicação, há "esquizofrenia" por parte das políticas brasileiras, em que o país se sente ameaçado pelo "imperialismo" americano, apesar de ser um aliado dos EUA. E há incompreensão americana em reconhecer a evolução de países emergentes, como o Brasil, o que atrapalha os laços diplomáticos entre os dois países.
"Nenhum dos dois países se beneficia dessa situação", diz a revista. "Nos últimos 15 anos, os dois países deram as costas um ao outro, silenciosamente boicotaram as iniciativas tomadas pelo outro lado", complementa.
A "National Interest" argumenta que o Brasil não tem uma política coerente voltada aos EUA — e que o atual momento, com mudanças na política dos dois países, é crucial para a reconstrução desses laços.
"As pessoas que tomam decisões no Brasil tendem a acreditar que qualquer forma de alinhamento ou aliança com os EUA, mesmo que as mais pragmáticas, automaticamente deixam de fora uma estratégia multilateral global legítima e funcional".
Publicado em inglês na revista americana, o texto é assinado por Marcos Degaut, cientista político e doutor em estudos de segurança e professor-adjunto na Universidade da Flórida Central.
Segundo ele, o problema é que os brasileiros assumem, de forma equivocada, que há uma incompatibilidade entre a busca do seu país por grandeza, e seu desejo de promover a ordem global que favoreça suas aspirações, e a influência limitadora de Washington, interessado em preservar a atual ordem internacional.
"Esta mentalidade anti-americana é contraproducente e tende a ver iniciativas da diplomacia americana como atos unilaterais de uma potência hegemônica arrogante e imperial na tentativa de evitar a emergência de novos atores no sistema internacional", diz.
Por outro lado, a diplomacia americana vê como "afronta" a falta de apoio do Brasil às prioridades internacionais dos EUA.
"A ambivalência da política externa do Brasil em relação aos EUA, que Brasília sempre parece querer contradizer, e a aparente falta de interesse de Washington nas ambições e no potencial brasileiros explicam por que as relações EUA-Brasil afundaram a seu ponto mais baixo em décadas durante os anos Dilma e Obama", diz.
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