Politizada, Lava Jato chega perto do fim sem resultado claro, diz revista
A mesma revista estrangeira que colocou o juiz Sérgio Moro em sua capa vestido de "caça-corrupto", em alusão ao filme "Os Caça-Fantasmas", agora publica uma análise crítica e aprofundada dos caminhos tomados pela Operação Lava Jato, e vê a aproximação de um fim imprevisível para ela.
Segundo a avaliação da "Americas Quarterly", a investigação se tornou politizada, e é impossível prever onde ela vai acabar.
Segundo Brian Winter, editor da publicação que escreveu a ampla análise, a politização da Lava Jato ocorreu mais por necessidade do que por ser parte do plano da investigação.
"Diria que a politização do caso é exatamente o que permitiu que ela progredisse até onde foi sem ser interrompida por seus inimigos. Perversamente, também é o que vai começar a levar a investigação a seu fim, provavelmente nos próximos meses", diz.
Em sua avaliação, o processo cresceu por ter surfado na perseguição a políticos corruptos em um momento em que a população apoiava o caso e se mostrava insatisfeita com os governos. Isso permitiu a Lava Jato ter um alcance inédito e deu força e popularidade para que ela não fosse atrapalhada pelos políticos.
Os últimos encaminhamentos desse processo, entretanto, podem ter se tornado passos em falso, diz. A estratégia parece ter exagerado na politização no processo contra o ex-presidente Lula, que se desencadeou em críticas mais forte à operação, na tentativa do Congresso de mudar a lei contra caixa-dois de campanha e em novos erros no pedido de prisão de Guido Mantega.
"É difícil não ter a sensação de que a tendência da Lava Jato é perder força", diz.
Segundo Winter, a Lava Jato poderia ter material para processar todo o sistema político, mas provavelmente vai focar apenas em que acredita serem os líderes do esquema de corrupção.
"Isso é justo? Não, não é. Mas não é uma tática política – é uma tática investigativa clássica", diz. "Também pode ser a estratégia para que a Lava Jato tenha chances de deixar um legado forte e intacto."
"Mesmo se a Lava Jato não tiver um final de hollywood, a investigação mudou para sempre a cultura de impunidade no Brasil", defende.
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