Tyler Cowen: Brasil continua sendo o 'país do futuro', e isso é positivo
A permanente ironia de dizer que o Brasil é o "país do futuro, e sempre será", e a ideia de que o Brasil não conseguiu até agora chegar ao patamar dos países mais desenvolvidos do mundo escondem grandes avanços dos contrastes do país ao longo das últimas décadas, segundo o economista Tyler Cowen.
Em um artigo publicado em sua coluna da revista online de opinião da rede de economia "Bloomberg", Cowen defendeu que uma combinação dos sucessos e fracassos do país formam um quebra-cabeça que ajudam a entender as promessas alcançadas e as ainda distantes para o Brasil.
"Na verdade, é uma grande conquista continuar sendo 'o país do futuro' por tanto tempo. Pode-se dizer o mesmo da Argentina ou da Venezuela? Se tem uma coisa que aprendemos na competição olímpica é que, se você continuar no jogo por várias rodadas, suas chances de vencer aumentam", explica Cowen.
Professor de economia da Universidade George Mason, Cowen destaca o tamanho do Brasil e da sua população como fonte de vantagens e desvantagens para o país. Por um lado, há uma dificuldade em estabelecer uma governança estável, mas por outro há um grande dinamismo econômico, explica.
Ele aponta também a diversidade nacional como fonte de riqueza e de desafios para o país. E trata ainda da história política brasileira, alternando entre ditaduras e descentralização política, mas que tem avançado.
"O Brasil hoje é uma democracia real com algum grau de responsabilização política, apesar de falhar no funcionamento do federalismo", diz.
O discurso sobre a ideia do Brasil como "país do futuro" sempre volta à tona em momentos de ascensão e crise do país. Na virada da primeira década do século 21, os avanços nacionais levavam ao discurso de que o Brasil havia "chegado", e isso era tão repetido que acabei usando a ideia no título do livro que escrevi sobre a imagem internacional do país: "Brasil, um país do presente".
Explicava então que, enquanto adentra a segunda década do século 21, o Brasil expõe facetas bem variadas na sua comparação com o mundo e com o tempo. Há quem diga, com um olhar externo semelhante ao usado por Stefan Zweig há sete décadas, que o país se consolidou como terra do "hoje", atualizada em relação a outras nações – quando se analisa a economia, por exemplo. Um olha mais profundo sobre a política, entretanto, pode ainda questionar se o país não está preso a coisas do passado. Pode-se dizer, então, que é o país do presente, mas ao mesmo tempo mantém características de país do futuro e até o do passado.
Ao tratar deste tema no livro e em sua edição mais recente, quando avalio a ascensão e a queda recente da imagem do Brasil, entretanto, um outro ponto ganhou relevância. Mais do que falar de "presente" ou de "futuro", como espaços temporais, o importante é pensar o Brasil como um "país presente", atuante, visível.
Isso está claramente evidente na exposição global do Brasil durante esta Olimpíada, que deu motivação à análise de Cowen. E faz sentido quando pensamos que elementos de tempo convivem nos contrastes do Brasil atual.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.