Livro retrata aspiração não alcançada do Brasil de ser uma potência global
O Brasil sempre quis ser uma potência global. Desde que se tornou independente, o país tentou se projetar no resto do mundo como uma nação diferente dos suas vizinhas na América Latina, buscando ter um papel de relevância no planeta e promover sua imagem internacional.
A longa história dessa aspiração do país, que nunca conseguiu alcançar totalmente seu potencial, é o tema o livro recém-lançado nos EUA "Aspirational Power – Brazil on the Long Road do Global Influence" (Aspirante a potência – O Brasil na longa estrada rumo à influência global).
O livro foi escrito pelos pesquisadores David R. Mares e Harold A. Trinkunas, do Instituto Brookings. Ele trata o Brasil como uma potência emergente que tem tentado usar do soft power, o poder de influência, ou de convencimento, para ganhar relevância no resto do mundo.
Segundo os pesquisadores, o Brasil até hoje não atingiu seu objetivo, e vai continuar sem atingir enquanto não conseguir criar bases sólidas para suas instituições domésticas para desenvolver com mais força seu poder de convencimento na arena internacional.
Trinkunas deu entrevista recentemente à "Folha de São Paulo", e falou um pouco sobre como o processo de impeachment pode atrapalhar ainda mais esta aspiração global brasileira. Segundo ele, a crise provoca uma erosão na influência internacional do Brasil, diz Trinkunas, e reduz soft power.
"Em última análise, uma parte importante da influência global do Brasil é baseada em soft power, o poder de atrair apoio de outros países. A crise certamente atinge o poder do Brasil à medida em que as conquistas sociais e econômicas recuam", disse.
O tema também foi abordado por um artigo publicado por ele em abril, antes do lançamento do livro, no site do think tank Brookings. Chefe do setor da América Latina no centro de estudos em Washington, DC., ele indicava os impactos do processo político atual para a diplomacia brasileira.
"Enquanto a crise continua, a influência global e regional do Brasil sofre", diz. Sua avaliação é que a situação não será totalmente resolvida antes da eleição presidencial de 2018.
"O atual turbilhão no Brasil sem dúvida enfraquece a capacidade de atração internacional do modelo do país. Mas mesmo perto de casa, a distração política e a recessão econômica no Brasil tem efeitos nos parceiros comerciais do Mercosul. E a incerteza política sobre quem vai ser o próximo presidente do Brasil dificulta o trabalho da diplomacia brasileira em manter seu papel de líder entre os parceiros da América do Sul", explicou então.
As previsoes parecem comprovadas por dados de pesquisas recentes sobre soft power.
O Brasil parece estar no limite de um desastre político e econômico, e por isso o país caiu uma posição no ranking internacional de soft power, de acordo com o recém-divulgado relatório anual sobre o tema divulgado pela consultoria britânica Portland.
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